quarta-feira, dezembro 21, 2005

Las Vegas! Las Vegas!

Dia 03 de novembro é uma data determinante. Pois, é após (paranomásia) o dia dos Finados (anacoluto), que o comércio dá um longo suspiro branco (sinestesia) e um leve sorriso: vai começar a véspera do Natal! É o que eu chamo de sentimento Las Vegas -- algo belo e brega (paradoxo) em dois extremos e decorações coloridinhas, presépios (coloridinhos), papais-noel e um monte de gente comprando e enfrentando, como se no meio de uma selva (paradoxo) imensamente (hibérbole) fechada (metáfora) e através de empurra-empurra, as maratonas (metonímia) diárias de compras --, ou seja, o capitalismo selvagem em seu mais puro significado.

É nessa época que todos ficam mais sensíveis e se derretem quando vêem algo que remete a luzes, logo compras. E é também a partir da época do dia dos Finados (precisamente após Ações de Graça) que (analepse) na Terra do Tio Sam (antonomásia), os americanos (antítese) se arranham, se batem, se (anáfora) matam (gradação) por um presente quando as lojas abrem e dão -- graças a Deus! (apóstrofe) -- pela existência do Natal. Afinal, poderão gastar o que têm a mais: dinheiro. E Dinheiro (prosopopéia) é um ser muito presado, ã? É a diferença entre os países que têm mais grana e os que não se podem garantir de tal (eufemismo). O resto (zeugma) é o mesmo.

"Por que tantas figuras de linguagem, Filipe (metalinguagem)?"

É uma tentativa, um tanto fracassada (ironia), de decorar -- como tantos fazem no Natal -- o texto natalino (redundância).

E Roberto Carlos e papai-noel só vêm no Natal (trocadilho).

Feliz Natal! Hohohohoho (onomatopéia)!

quinta-feira, dezembro 15, 2005

E o peixe? Nada.



É isso que acontece quando se divide o quarto (leia: blog) com mais duas Prostitutas de alto nível, da melhor safra que Genebra já teve.
Primeiro o Filipux nos manda um texto crítico e ácido, que bate o recorde de pagamentos, levando os clientes ao delírio. Recebeu nada menos que 24 maços de dinheiro vindos dos mais variados bolsões da Europa.
Depois o Alfaia nos agracia com memórias da infância, carregadas com leves sentimentos e nuances. Textos sobre mulheres e charutos sempre são interessantes, e esse ficou ótimo.
Soma-se a isso o fato d’eu estar sofrendo da tal “crise da criatividade”.
Tentei, penei, rezei, macumbei, mas de nada adianta. Nada sai.
Já não sei mais o que estou escrevendo.
A pressão é alta.
Lá vem os scraps (ó vida orkutiana): “atualiza o blog!”, podendo variar para “atualiza o blog, porra!”.
Mais pressão na mente, já entorpecida e fraca das férias, do sol, do sal e da maresia.
Vocês sabem, afinal, o Mateus é o “cara do cotidiano”. Quando se começa um texto com “hoje aconteceu uma coisa engraçada comigo...” já se sabe: esse é do Mateus!
Acontece que ultimamente eu não tenho tido cotidiano.
Estou de férias (talvez até o fim do texto eu consiga ressaltar isso mais algumas vezes).
Estou de férias! (consegui!).
Eu não poderia falar que minha tia-avó Rosinha veio aqui em casa ontem contando a história da camisinha de novo (vide texto de Sexta-feira, 14 de Outubro de 2005).
Cansei de poemas. Cansei de imagens.
Não ando mais na rua. Parei de observar as coisas.
As férias (mais uma!) estão me destruindo, ao invés de me recompor.
Mas enfim, essa não é a idéia inicial.
Essa é: pensei então em fazer um post sobre o nada. É, o NADA. “Nada”, o contrário de “tudo”. O que o peixe faz (não sei onde)? Nada.
Quer comentar da novela? Do Gugu? Do Faustão? Comenta.
Quer falar que o Brasil pegou um grupo fácil na Copa? Fala.
Você broxou? O binga não sobe? Se abre com a gente.
Quem sabe o seu comentário vai fazer mais sentido, ou valer mais a pena de ser lido do que o meu texto. Se não, pelo menos vai me dar algum tempo para pensar em algo interessante pra escrever aqui pra vocês.

(Obrigado então pelo tempo hein).

Borba

sábado, dezembro 03, 2005

Encape e não VEJA!

É notório o fato de que VEJA é uma revista tendenciosa, panfletária, entreguista e neoliberal. Sabe-se que também está repleta de fofocas de celebridades, é contrária a Movimentos Sociais e que é muito conservadora.

O que tem, porém, chamado atenção nos últimos tempos são as capas da revista. Em uma de suas (capas) mais hilárias aparece um "militante pacifista" cercado por armas (posição contra o referendo) que causa impacto à primeira vista, logo um grande número de edições vendidas. Essa última semana está estampado o rosto de Antonio Palocci (entre as mais de dez destinadas contra figuras do governo) e a seguinte frase: Palocci se firma como o fiador da instabilidade econômica... "Imprescindível". Vulnerável ...mas as denúncias ainda podem sufocá-lo. Dá para perceber a ironia das aspas no "Imprescindível" que está na testa (alusão ao cérebro), como se a revista dissesse que o brilhantismo de Palocci na Fazenda pudesse ser substituído por outro e de que ele é vulnerável na fala podendo se complicar. Essa onda de mensagens subliminares de VEJA só reforça a idéia de que a imagem ativa funções no cérebro de que não se tem idéia.

O vermelho que excita, por exemplo -- se for posto em uma parede de restaurante -- ativa o cérebro de uma maneira como se dissesse: "Come logo e saia rápido". Com essa onda de "subliminarismo" de VEJA só nos resta uma coisa: encapá-las.

Filipux

terça-feira, novembro 29, 2005

Eu ainda tratei a foto da Betty no Photoshop!



Ontem aconteceu uma coisa engraçada (é...sempre comigo).
Se não foi engraçada, no mínimo me fez pensar. Aliás, o que não me faz pensar? Acho que nada nesse mundo. Incrível capacidade desse ser que aqui vos escreve de ser conclusivo acerca de tudo e de todos.
Lá estava eu no ponto de ônibus com a minha tia, num domingo cinza em que o transporte insistia em demorar pra passar. O motorista estava atrasado. Tédio. Nenhum lugar pra encostar meu corpo cansado.
Aí passa uma amiga dela:
- Oi querida!
- Ooooi...!
Segue o subsequente diálogo morto e clichê de sempre, blá blá blá, laiá laiá, pá pá pá (parece sambinha, mas é chato).
A moça estava vendendo desses produtos de catálogo da Natura, que você sabe né, a situação hoje não está fácil pra ninguém.
Ela falava muito alto (não sei se era o costume dela, ou era pra fazer uma propaganda do produto que ela vendia, um tal de Chronos).
Acontece que esse Chronos revitalizava a pele (olha aí o resultado, eu falando a língua dos vendedores de catálogo), e ela perguntou pra minha tia:
- Com quantos anos você está Else?
Ah, mas minha tia nem pestanejou. Respondeu com uma frieza assassina:
- 36!
Meu Deus, como as mulheres mentem entre elas própias. Minha tia poderia trabalhar na Gestapo, interrogando presos políticos.
A amiga da minha tia tira então uma amostra do produto da sacola, que só podia ser usado por senhoras com as idades entre 35 e 40. O produto é muito forte, chega a queimar a pele se você usar o errado.
Não sei, mas eu senti minha tia engasgando.
Depois de mais sambinha (blá blá blá, laiá laiá, pá pá pá) ela vira pra mim e fala:
- Ah, você conhece o meu sobrinho, o Mateus?
A mulher na mesma hora solta o petardo:
- Não, mas a Carlinha ia adorar conhecer, estudióóóóóósa ela!
De primeiro eu tomei um susto. Parecia que a mulher já tinha ensaiado que ia falar isso. Ou eu era muito lindo pra mulher estar me oferecendo a filha dela assim de bandeja, ou a menina estava encostada no canto sem chance de viver. Como a primeira opção não parecia fazer sentido, eu me apeguei à segunda mesmo, eu admito.
Mas aí eu fui entender que aquilo era um eufemismo dos mais sujos, e pior, com a própria filha.
Acho que quando a mulher falou que ela era estudiosa, ela quis dizer:
" - Não, mas a Carlinha ia adorar conhecer. Ela cozinha, passa, lava, paga conta, faz a feira, não assiste novela, é cega/surda/muda, gosta de futebol e ainda é estudióóóóóóósa... Só não é bonitinha, tadinha."
É. (Tô pensando).
Pra tudo isso eu não cheguei a uma conclusão lógica. Talvez a nossa sociedade machista.
Mas interessante foi depois que a mulher saiu. Minha tia falou:
- Peraí Mateus, já volto.
Foi atrás dela, falou alguma coisa. A mulher riu. Trocaram a amostra e minha tia voltou com um sorriso enorme por ninguém no ponto de ônibus descobrir que ela tem 43 anos.


Borba

terça-feira, novembro 22, 2005

Procedimento de Emergência


Vou por labirintos confusos, escuros, obtusos. Recuso ajudas, quero estar sozinho.

Vivo em agonia. Não porque eu quero, é um sentimento terrível que te faz perder a fome e agir como se alguém o estivesse empurrando, somente empurrando. A única coisa que eu queria nesse momento é saber que tudo está bem, e que eu conseguirei.

Analiso o meu estado mental e não consigo absorver o que se passa entre as entrelinhas do meu pensamento. A mente permanece sã, mas se encaminha a destinos divergentes. A vitória dos outros, mesmo que somente deles, passa a ser também minha. Eu sorrio e fico agoniado. As ações são minhas -- a culpa também.


Filipux

domingo, novembro 20, 2005

Acho que ontem eu presenciei a mais nova alteração nos Padrões Sociais de Comportamento Humano (maldita sociologia que me faz escrever assim!).
Lá estava eu, cabrunco e cansado, indo tocar violão na casa de um amigo – pra matar o Sr. Tédio, que insiste em me fazer uma visitar nas tardes de sábado – quando passo por um das dezenas de bares que existem pelo caminho. Até aí, nada de anormal.
O bar estava cheio, como sempre, com pessoas bebendo e conversando, como sempre, espalhadas pela rua, como sempre, com seus carros em volta e som alto ligado, como sempre.
Lá estava um grupo de jovens. Coisa normal. 5 garotos. Mesa cheia.
Se acontecesse em algum outro lugar que não fosse a Bahia, menos estranho. Mas aqui É a Bahia, terra da quebradeira e do pagode chulo.
No som deles não tocava “...quéééébra mâinhaaa, na cabeça do nêgãão...”; nem “...Paula-dentro, Paula-fora, Paula deixe de história...”; ou muito menos “...vái na quebrádêêra da muláta, essa nega ássanhááda...”; (isso tudo foi só pra demonstrar meu vasto conhecimento da música baiana).
Não. Lá tocava Los Hermanos.
Eu não sei se fiquei feliz, afinal eu não sou ninguém pra julgar quem escuta ou deixa de escutar o que escuta ou o que quer escutar; ou triste, por que me soa como banalização; mas a verdade é que os bêbados estavam cantando “...quem sabe o que é ter e perder alguééémm...” (e certinho hein!), e isso por si só já foi engraçado. Me fez rir.
Foi um tiro no peito do Sr. Tédio.


Borba

domingo, novembro 13, 2005

Ontem lá estava eu a divagar pelos meus caminhos tortuosos e sujos, esperando minhas gastas aulas de sociologia.
Virando a esquina me cruzam dois garotos entoando em uníssono: “...e se lembrou de quando era uma criançáááá... ”.
Ah, saudosista como eu sou, de certa forma me emocionei com aqueles dois moleques de uns 10 anos cantando Faroeste Caboclo.
Mas aí pensei em algo um pouco mais complexo. Lembrei-me de um seminário que assisti semanas atrás, sobre Indústria Cultural e Música. Lá foi mostrada a lista dos 20 CDs mais vendidos do ano, e inclusos na lista (não me surpreendi) estavam 3 CDs do Legião.
Apesar de saber que existe, é um fenômeno que eu não compreendo: todos os anos se vendem milhares de CDs deles, e as gerações de apreciadores de Legião Urbana vão se renovando.
Mas se a banda acabou!?
Eles não vão ao programa do Faustão.
Nem tem mais clipes na MTV.
Você não lê mais entrevistas com a banda...
Outro aspecto: Nenhum componente da banda é um músico magistral. Legião se vale pela somplicidade. Eu sei porque conheço as músicas. Tenho os CDs. Aprendi a tocar violão tocando Legião Urbana. Em um trecho do Acústico MTV o Renato fala: “...se vocês querem aprender nossas músicas, basta saber isso aqui...” e toca um RÉ, um DÓ e um MI menor.
Então? Ué?
O contexto histórico talvez?
Nós não vivemos mais os tempos louco da juventude desregrada do Planalto Central. Mas o Brasil continua com seus problemas. Afinal, que país é esse?
Marcianos invadem a Terra, e Dado continua viciado.
Continuamos tentando aprender a amar como se não houvesse amanhã, tentando falar a língua dos anjos.
No fundo somos iguais aos nossos pais. Eles gostavam, nós gostamos e nossos filhos vão gostar.
Pra fazer jus à minha fama de nostálgico, vou pegar o V, primeiro CD deles que eu ouvi, o primeiro CD deles que eu tive acesso, herança paternal, e pôr aqui pra tocar. Vou deixar esse quarto cheirando a utopia, e me lembrar de quando era uma criançááááá, e de tudo que eu vivi até aqui...

Borba

sexta-feira, novembro 04, 2005

O embate das "ezas" (belezas, riquezas)...

foto 1 - Florianópolis

foto 2 - Marília

Toda cidade que se preze -- ou que pelo menos seja uma cidade que tenha os atributos básicos de uma -- apresenta um quê a mais sobre as outras.

No caso das cidades litorâneas (foto 1), fica óbvio que tentam mostrar que suas praias têm beleza, são mais paradisíacas que as caribenhas ou, no caso das do Sudeste e Sul, mais paradisíacas (afrodisíacas) que as do Nordeste. Outro fator bastante explorada pelas cidades praianas é o fato de serem (ou parecem) mais ensolaradas e, assim, oferecerem melhores diversões no verão quando o nível de bebida alcóolica aumenta, as praias se enchem de gente e umas horas depois, de sujeira.

Chegando mais para o interior do país, não há mais tributo a não ser um rio cor-de-madeira, uma lagoa cheia de patos ou, no caso das sem atributo natural por perto (foto 2), busca-se mostrar a riqueza ($) que a região possue. Por isso seus habitantes constroem prédios, pedagiam estradas. Tentando, assim, compensar a falta de beleza natural, mas caem num consenso: "As (cidades) feias que me perdoem, mas (cidade com) beleza (natural) é fundamental".

Filipux

Ah, Filipux está se mudando temporariamente a Lausanne (a 70 km de Genebra). Lá ele pretende estudar o bastante para passar na Estadual. Enquanto isso, au revoir!

terça-feira, outubro 25, 2005


Contos Inacabados - 2

Vida

Sumiram e por lá não mais apareceram.
Ainda hoje, a toda e cada vez que a chuva dá suas gotas no mês de outubro, se pensa neles. A chuva os levou, junto com suas enxurrada de sonhos perdidos? Talvez sim, mas não as lembranças do belo sorriso e do olhar iluminado do casal. Outubro é um mês estranho. Triste e escuro. Outubro...

E o bebê? O que terá acontecido?

Ela era uma menina diferente aos 15 anos. Isolada. Complicada. Agonizante. Não sorria nunca, não conseguia. Era algo mais forte que ela. Era algo mais forte que tudo. Paralisava os músculos da face como um murro que lhe quebrava a felicidade que nunca viria. Não tinha amigos, não tinha parentes, não tinha nada.
Foi mais ou menos nessa época que ela começou a descobrir. Era outubro e fazia calor. O suor pregava na camisa desbotada. Ela parecia não sentir os efeitos caudalosos do mormaço. Andava normalmente, em meio ao deserto de cimento seco que era a rua naquela hora. Parecia que ninguém tinha coragem de tomar aquele sol de fronte aberta.
Então ela não acreditou quando viu aquele garoto. Miragem? Talvez.
Ele era lindo passando a mão na testa, tirando os cachos negros dos olhos.
Ele olhou. Ele “a” olhou. Sorriu. Ela retribuiu o olhar, mas o sorriso que queria aparecer não veio. Ela sentiu vontade de gritar, mas o grito ficou preso na garganta como espinha de peixe. E nesse momento aquela força enorme lutou contra ela uma luta interminável de cinco segundos. No ato do sorriso, ela sorriu. Muito rápido então, ele caiu. E um filete de sangue escorreu por detrás de seus cabelos. Foi rápido. Instantâneo.
O grito saiu, ela gritou, e correu.
Correu pra nunca mais aparecer lá.

Borba

domingo, outubro 23, 2005



Contos Inacabados


Infância

Um dia ela nasceu.
Não um dia qualquer. Era um dia frio e gélido. Um dia Europeu, mais a leste. Vento e melancólico. Ventania e melancolia.
Era um dia tão triste que poderia ser noite. Mas ela nasceu de dia, e entre os cabelos engrenhados apareceu um pequeno sorriso. Normal para alguém, não pra ela.
Um sorriso inimaginável. Inimaginavelmente lindo e iluminado.
Por um longo tempo ela não viria a sorrir mais.
Ao longe um barco abria no cais. Começou a chover e os garotos que brincavam na rua - mesmo com tanto frio - correram pra se esconder dos pingos pesados, como se fosse algo possível. Não era possível. Naquele mês do ano, quando chovia não acabava mais. Geralmente durava dois, três dias. Mas naquele dia foi estranho. Choveu por 2 semanas, ininterruptamente.
Era como se algum Deus chorasse a morte de alguma alma muito querida lá em cima. Ela viveu. Foi nesse dia que ela nasceu.

Niguém sabia de onde vinham aqueles dois estranhos.
Eles chegaram, entraram e não saíram mais. Parecia um casal, e realmente era um.
Sempre de olhos cabisbaixos, o homem vez ou outra aparecia na janela. Olhava de um lado ao outro - as vezes parava, como se pudesse estar enxergando algo na escuridão gélida do horizonte - e saia. Ela, parecendo sempre muito assustada, quase nunca aparecia.
Ninguém entendia de onde eles se alimentavam, de quê, como ou quando. Todos cismados, ninguém entendia. Ninguém procurava entender. A única coisa que visível era que ela estava grávida. Nas cada vez mais raras vezes que ela aparecia, a grande e bela barriga parecia ter aumentado mais.
Mas aí eles começaram a aparecer com maior frequência, e mais felizes. Já até falavam como os vizinhos. O homem parecia ter o olhar iluminado, e a mulher, prestes a dar a luz à criança, sorria mais. Um sorriso inimaginável. Inimaginavelmente lindo e iluminado.
E de repente, como se já não bastasse o fato deles começarem a falar com todos de uma hora pra outra, algo aconteceu, e eles sumiram pra sempre. Algo que ninguém sabe o que foi. Ninguém entendeu. Tudo assim, muito rápido mesmo. Entrecortado. Riscado.
Depois de um tempo todos esqueceriam deles, não fosse o fato estranho que ocorreu naquele dia: choveu, como de costume muito - naquele mês do ano era assim, chovia sempre por dois ou três dias sem parar - mas não parou de chover por duas semanas.

Borba

sexta-feira, outubro 14, 2005




Ultimamente minha vida tem cheirado à nostalgia.
Tanto que chega a feder.
Aliás (tempo para respiro) se tem duas coisas que eu gosto de falar que sou pelas quatro avenidas de Genebra, uma é utópico, a outra é nostálgico.

Eu tenho uma tia-avó.
O nome dela é Rosinha.
Ela é uma graça, apesar de ser estranha.
Ela vive com um pano enrolado na cabeça, e ai de quem tocar nesse pano.
Ninguém sabe onde ela mora. Quando eu digo 'ninguém', eu quero dizer: NINGUÉM!.
Ela sempre aparece aqui em casa sem avisar nada. Ela simplesmente aparece. Puf! Aparece.
E ela aparece, fica, vai ficando, e fica mais. Na última vez, foram 3 meses.
Ela dorme no sofá da sala.
Ela não costuma tomar banho.
Ela é legal, apesar de ser estranha.

Ontem ela e minha avó estavam a conversar na cozinha, enquanto descascavam amendoins para fazer paçoca:
-Lembrei de quando o Mateus era pequeno, e eu costurei uma camisa pra ele...
(Nesse momento minha avó começa a rir).
-...aí eu disse: 'Venha Teteu, experimentar a camisinha que eu fiz pra você!'
(Nesse momento as duas estão rindo).
-...Ele respondeu: 'Não titia, que eu ainda sou muito pequeno pra usar camisinha'.
Passa o tempo. 3 segundos.
(Nesse momento as duas estão a chorar).
-Ele era tão esperto...(soluço).
-É...(fungada).

Eu fiquei me perguntando:
'Será que eu morri e não descobri ainda?
Legal, vou procurar o John pra ele me ensinar a tocar While My Guitar Gently Weeps...'

Borba

terça-feira, outubro 11, 2005

A luta de uma mulher prometida

Como todo pêlo pubiano que chega de uma vez e domina toda uma área, inicou-se após a II Guerra Mundial uma maciça ocupação de judeus na Terra Prometida.

Para resolver a situação foi criada pela ONU, dois estados o de Israel ao centro e da Palestina nas extremidades leste e oeste. Depois de 1948 e a criação da Palestina e Israel, o Mundo viu que mesmo assim não houve paz, já que os povos vizinhos iniciaram ataques contra o centro, Israel. Para dominar de vez a região, Israel criou assentamentos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, além de ter dominado toda a Península do Sinai e devolvido-a na mesma rapidez com que tomou. Só nos últimos meses iniciou a retirada de suas forças da Faixa de Gaza e, para alívio do Mundo, vai inicar a retirada da Cisjordânia.

Vendo-se cercada por pêlos pubianos a moça não sabe o que fazer, mas tem uma idéia: pedir ajuda à mãe que diz, "Faça como uma espécie de tratado de paz. Deixe uma região intocada no centro e nas extremidades direita e esquerda elimine os pêlos." Com o passar do tempo a moça via que tinha um grande desejo de depilar o centro, principalmente quando ia depilar a coxa dava vontade de destruir tudo aquilo que havia a mais na região pubiana. Após esses ataques mal-sucedidos os pêlos tomaram as regiões vizinhas numa espécie de assentamentos. Recentemente a moça, agora uma mulher, conseguiu, através de "acordos", a retirada dos pêlos na área da direita e, se conseguir perseverar, conseguirá remover os da esquerda e tudo se acabará nas águas do Golfo de Ácaba.

Filipux

segunda-feira, outubro 10, 2005

Bom dia, Dona Diu

Hoje no caminho pra aula eu estava pensando em coisas...
Sabem? Coisas?
Entre um tropeço na calçada destruída, um QUASE! no cocô do cachorro e um escorregão na ladeira, eu consegui lembrar de momentos felizes da minha infância. Antes de morar aqui em Salvador, eu sempre vinha passar férias da casa da minha avó (essa mesma, dona da casa onde eu moro hoje, e da história do ‘ovo do Hitler’ – ver ‘Na Gaveta – Julho/2005 - Desculpas ao post vazio’).
Isso ainda nos meus primórdios, quando eu brincava com o Sulapa, o Nôzinhu, o Coroa, o Cabeça, o Perna 1 e o Perna 2, o Uégo e o Tíutiu; quando eu ainda tinha medo do Ximbica, e toda vez que ele aparecia, todo mundo gritava e eu corria (ainda não entendo bem a razão disso...); quando a gente ia pra praia do Corsário, e tínhamos que esconder a bola pra galera da ‘Malconha’ não roubá-la; quando eu era triste por não ter um apelido legal igual a todos os garotos da rua; quando eu ‘pegava o baba’ (como os soteropolitanos falam ‘jogar futebol’) aqui perto de casa, e sempre voltava quando o dia já havia morrido, todo suado, sujo, e geralmente com um pedaço do dedo deixado pra trás.
Aliás foi daí que surgiu meu ódio por aquela velha. Ah!, Dona Diu (não sei se é ‘Diu’ ou ‘Dil’, por que o nome dela tanto pode ser ‘DiUmínia’ como ‘DiLuvida’), se a senhora soubesse quantas macumbas a galera da rua fez pra que a senhora escorregasse enquanto lavava a varanda da sua casa! Ou pra que a senhora engasgasse e morresse com o caroço do cajá que a senhora nunca dava pra gente...
Acontece que meu pai tinha comprado uma bola novinha, daquelas de couro. Na época, Topper era A marca do sucesso. A marca do momento. O Branco (jogador da Seleção Brasileira) era quem fazia a propaganda: ele soltava um petardo que atingia o peito do goleiro com força e o afundava nas traves.
No meio do baba, o Sulapa, que era gordo, e grosso, achou que era o Branco, e com a MINHA bola Topper (é, eles me convenceram a usá-la na rua). Ela foi parar no quintal da Dona Diu.
Nessa época a gente ainda não odiava a velha. Ficou todo mundo lá na frente da casa dela:
- DÔônaa DííÍÍíuuuuuuuUUôôÔÔÔ!!! DÔônaa DííÍÍíuuuuuuuUUôôÔÔÔ!!!
Nada.
- DÔônaa DííÍÍíuuuuuuuUUôôÔÔÔ...
De novo nada.
Aí alguém teve a idéia de pular o Kevin por cima do muro. O Kevin (de Kevinliano – juro por Deus, é o nome dele!) era menor e mais ágil. Então lá foi ele.
ZAP. PUM. PAF! De cara no chão.
As conseqüências desse ato não são nada, perto do fato da Dona Diu ter ficado com a minha bola-da-Topper-que-o-Branco-fazia-propaganda PRA SEMPRE! Ah, velha safada! Aposto que de noite ela ficava na sala tentando fazer embaixadinhas, não se achando o Branco, mas pelo menos a bisavó dele.
Esse dias eu nem lembrava mais o motivo, mas lembrava que odiava ela, quando ouvi uma conversa dela com a minha avó:
(...)
- Pois é, eu sempre o vejo indo de manhã pra Universidade, e sempre rezo pra ele ir com Deus e em paz.
ÃNH? Que velha famigerada e cara-de-pau. Além de roubar a minha bola, ainda fica se fazendo de boazinha pra minha avó!
Pra tirar a dúvida e desmascarar essa uva passa enrugada, hoje de manhã eu passei por ela e falei, com muito esforço pra fazer uma cara convincente:
- Bom dia, Dona Diu.
Ela estranhou, levantou a cabeça e me olhou um olhar que bateu no meu coração:
- Vai com Deus e em paz, meu filho. Bom estudo.
...

E hoje eu tento julgar menos as pessoas.

Borba.

quinta-feira, setembro 29, 2005

"Ein neuer Anfang" oder "Auf den Hund Gekommen"?

Os alemães são famosos tanto por reunirem, em um só país, a maior potência européia e uma das ex-repúblicas comunistas quanto por serem o país-sede da próxima Copa do Mundo. Mas o que tem posto os germânicos (outro adjetivo que caracteriza quem nasce por lá) em evidência é a luta de Angela (pronuncia-se anguela, por favor) Merkel (a senhora da foto acima), que nasceu em Hamburgo, mas morou a maior parte da vida na Alemanha Oriental; e Gerhard Schröder, nascido e criado em Hannover nos moldes capitalistas alemães pós-Hitler -- pelo posto de Bundeskanzler, ou em bom português: chanceler Federal.

Merkel começou bem e deixou Schröder bastante distante de continuar no cargo. Porém nem tudo que é bom dura eternamente, por isso Merkel, coitada, começou a despencar nas pesquisas eleitorais devido a alguns debates em que acabou perdendo ou saindo sem a moral de poder ser a futura salvadora dos empregos e da economia alemã, ambos, em baixa.

No dia 28 de agosto houve o pleito eleitoral e Merkel ganhou. Ela não pôde, porém, declarar-se vitoriosa, já que no sistema eleitoral alemão o partido vencedor tem que ter maioria para poder governar. O partido dela, o CDU (Cristlich-Demokratische Union) obteve somente duas cadeiras a mais do que o partido de Schröder, o SPD (Sozialdemokratische Partei Deustschlands) -- uma diferença muito pequena. Tudo poderia se resolver em uma coalisão dos dois partidos, mas é aí que a história ganha corpo de encrenca pelo poder, já que só há um país, logo só poderia haver um chanceler e ambos, é claro, querem o posto. A última chance de Merkel será no domingo próximo quando um colégio eleitoral de Dresden (na sua ex-Alemanha Oriental) que não teve eleições no dia 28, irá tê-las. Se ela (cujo lema era Ein neuer Anfang [um novo começo]) não conseguir a maioria, vai acabar "ficando na miséria" ou em bom alemão: "Auf den Hund gekommen", que ao pé-da-letra seria algo como "do cachorro vir (surgir)". Não seria tão anormal, não é que ela lembra um bulldog!

Filipux, o internacionalista.

quarta-feira, setembro 28, 2005



Arte do Renan para o blog.

Borba aqui.

sábado, setembro 24, 2005

Surdez do Mundo

Eu preciso ir a um otorrinolaringologista.
Não sei qual é a percentagem de surdez em cada um dos meus ouvidos, mas não é por eu não saber que ela deixa de existir.
O problema é que eu escuto música nas alturas. Eu já passei uma fita adesiva na pecinha de volume do meu discman, assim ele nunca sai do máximo. Ouvir rock bem alto é muito bom. Aliás, só assim é bom.
A Gil, moça simpática do laboratório lá da Universidade, vive reclamando comigo: “Abaixa isso minino! Tááá ficando doido? Vai logo ficar surdin, surdin!!!” Eu dou umas risadas, falo umas bobagens e tudo bem, fica por isso mesmo.
Mas ontem eu descobri uma boa justificativa pro som alto: a fuga da realidade. Eu gasto cerca de 50 minutos, indo e voltando da aula, e o caminho não é dos melhores. Eu moro num bairro de classe média baixa (segundo o meu padrão pré-estabelecido e aceito por todos), o que já é uma coisa ruim. No curto caminho, eu passo por pobreza, ladeiras (normal por aqui), muito lixo jogado pela rua (mais normal ainda), gente indo pro trabalho, um fedor insuportável (para o padrão das minhas narinas de menino rico), garotinhos pelados brincando, favela, uma ponte com um enorme rio de sujeira e esgoto correndo abaixo, gente sentada na porta de casa olhando a vida dos outros, ruas esburacadas (quando chove eu tenho que caçar um lugar seguro pra passar, sem correr o risco de tomar um banho de lama), muito cocô de cachorro, muito mesmo (bosta, pedra mole, minas terrestres, barroso, abará de porco), barulho (sim! Afinal minhas pilhas não são fontes infinitas de energia, e eu fico na mão, tendo que ouvir o pagodão que rola em cada esquina) e muitas outras coisas ruins, além do constante risco de sofrer um assalto.
O meu alívio é quando chego perto da Embasa. Eu (na minha inocência de garoto criado em berço de ouro e a pão de ló) ainda não descobri por que as esquinas da Embasa estão sempre limpas. Ainda não descobri por que só o asfalto na frente da Embasa é liso feito bunda bebê, e só na frente da Embasa não fede. Mas eu fico aliviado quando chego lá.
Ah, esqueci de falar, pra quem não sabe, que a Embasa é um Órgão do Governo do Estado da Bahia (mas isso é irrelevante, né).
Faz sentido ou não eu querer fugir dessa realidade?

Borba

quinta-feira, setembro 22, 2005



Eu vi os contornos, de longe, meio embaçados.

As listras de tarde, que as persianas de fibra, do alto, deixavam dançar em suas formas lascivas, devido ao balanço do vento, reluziam alegres na sua pele. O andar cheio de hesitação, mas gracioso. O rosto... E tudo isso passou semipercebido por minha consciência, como outra banalidade do existir.

Passando-se os minutos, naquela dança sutil que dois corpos fazem quando se percebem, de longe, e que dançam, disfarçando, fazendo outras coisas. Os olhares, os gestos, tudo é mais belo; porque tudo é pro outro, como um presente.

As formas vieram para perto, trabalhar no lado de cá. Aquele ar que fica denso, pela proximidade, como o derradeiro ar carregado que precede um relâmpago. Os olhos se afastam, comedidos, com medo de provocar alguma descarga; nos parcos instantes, porém, se atritam um pouco, gerando faíscas. As curvas ficam, mas as curvas vão, dançando.

No último ato, o adeus anuncia-se, implícito, já pelo tempo decorrido. Os olhos caem um pouco, mas continuam observadores. No caminho até mim, as pupilas se cruzam e se atravessam até a tensão ficar insuportável, e sento num canto. O adeus, implícito; o armário; a escada; olhar de soslaio, um pouco demorado; a mão no corrimão, lasciva, teimosa, querendo ficar; adeus, explícito. Nenhuma palavra.


Grato, Thiago Cauduro, uma puta sem boate.

terça-feira, setembro 20, 2005

Não leia! Não leia! Não leia!

Os professores de redação adoram enforçar a já conhecida divisão introdução, desenvolvimento e conclusão. Putos!

Introdução ou texto introdutório.
Quinze para as dez da noite, Filipe (eu mesmo na terceira pessoa, já que também sou o narrador), volta ao seu "apertamento" (sim, é um trocadilho barato que ouvi em algum programa por aí). Ao atravessar a Rua Goiás, quase ser atropelado por um caminhão de propoções golianas e dar uma breve corrida para a salvação da calçada do outro lado, ele repara que pessoas gordas têm aversão a ele. Talvez por ele ter, digo: não ter o que elas têm, gordura em excesso. O último fato que lembra ocorreu um pouco antes de quase ter sido atropelado -- a professora de redação.

Desenvolvimento textual.
Às 18:00, ele chega ao Curso onde a professora de redação já o devia estar esperando ou mesmo ter ido embora, puta de ter perdido a viagem. Ele procura por todos os lados e não encontra a nobre professora e é informado pelo Tsuda (amigo nipo-ítalo-brasileiro) que a mesma ainda não havia chegado. Passa-se cerca de uma hora e ele continua olhando as duas redações que ela deveria analisar junto a ele -- uma sobre a violência entre jovens (tema já desgastado, mas insistentemente defendido por ela como um dos principais) e o outro que já foi posto aqui em "Genebra e as Três Prostitutas" sobre a corrupção (esse é tema corrente e cotado para algumas das universidades que farei. Tem que ser, senão eu a mato).

Ele olha para o lado e vê que ela já havia adentrado a biblioteca dantesca de livros de mal ou péssimo gosto onde só se salvam Decamerão (já lido por mim), Dom Quixote (projeto) e o dicionário Sacconi. "Ah, Filipe, tu paga mais de três centenas e meia de reais e nem tem um Almanaque Abril sequer na biblioteca?" Ah, tem, mas é de 2003 (tempos da já antiga e mal-afamada Iugoslávia do sanguinário e também mal-afamado Milosevic. bons tempos). Após questionada sobre a correção ou não das redações, ela diz com um breve sorriso: "Claro, só me deixe, rapidamente, olhar o orkut". Eu engulo o que ela disse desejando que ela engolisse duas toras e meia da "etnia negra (como ela gosta de dizer)".

Conclusão.
Depois de desenhar uma folha inteira de rascunho e olhar incessantemente para ver se havia algum sinal da sua vinda, Filipux pensa que o melhor é ver o que ela tanto faz na internet. Ele se depara com a ação mais ridícula que ele já vira de uma professora de redação: a criação de uma comunidade do orkut de um programa infantil da década de 1980. Ele retorna à mesa e fica a sua espera. Bate o sino e ela desaparece. Ele descobre, então, que ela havia locado um filme que assistirá junto à classe. Ele vai até lá e pergunta se ela fará a maldita correção. Ela, com cara de quem tem algo a dever, diz que só semana que vem poderá fazê-lo (apesar de ter deixado Filipux esperando por quase quatro horas). Amanhã, filipux irá encontrá-la, e talvez a redação que ela corrigirá será essa, daí ela sentirá no seu estômago gordo de proporções colossais o gostinho da vingança.

"Não disse, professora, não era para ler. Ah, tem algum erro?"

Filipux

quinta-feira, setembro 15, 2005

Jefferson Memorial - Washington - District of Columbia

Proposta: Corrupção no Brasil
Aluno(a): Filipe Mesquita

Título: Degradação humana...

Após o 16º aniversário, todos os brasileiros (natos ou não) adquirem o nobre direito de votar. E, de acordo com os princípios básicos da democracia consagrada na Grécia Antiga, escolher os rumos tanto da cidade onde moram, do Estado onde vivem quanto do País onde nasceram. E quanto aos políticos que estão do outro lado?

Criança chata: "Ah, Filipe, já lemos esse texto!"
Filipux: "Leia até o final, por favor!"

No dia marcado para o pleito eleitoral, os eleitores vão (obrigatoriamente) às urnas e através de suas convicções, mesmo que algumas compradas, votam no candidato desejado.
Assim que eleitos, os escolhidos não pensam mais em defender o que por tanto suaram em palanques eleitorais. Eles vão tornando-se imprudentes até virarem o típico "político brasileiro"; tipo de homem, cujo único sentimento verdadeiro é a falta de sentimento, somada à arrogância impertinente e uma descarada e já consagrada arte de mentir. Iniciando, com isso, uma onda abestalhada de peversão dos princípios éticos (isto é, a corrupção).
O sujeito chega ao sexto mandato. Agora, para ele, a essência da política consiste em apenas lutar bravamente pela posse ainda mais duradoura de uma "mamadeira de leite de ouro" para si e para sua família. Quanto mais ele depende dessa fonte, com mais afinco luta por ela. A cada instante que o cinto aperta ele fareja o começo do fim de tudo, e em cada nova denúncia -- uma ameaça. Com sua honra já perdida, ele recorre à última conseqüência: pede por clemência e verte lágrimas. Quatro anos depois a população o elege novamente.

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No caso do deputado Roberto Jefferson; pessoa a qual este texto, corrigido por uma professora de redação, foi direcionado; serão oito anos. Pelo menos o puto foi cassado (devia ter vertido pelo menos um pouquinho de lágrima!). Durante esse tempo só haverá a memória de um Jefferson em Washington.
Filipux





e me deixe no escuro
canto imundo e escuro
onde nada eu escuto
mundo feio e escuro
sem proteção nem escudo
na negrura do escuro
algo escárnio e sujo
e da luz ao escumo
algo nada poético
tudo meio sem nexo
tudo muito complexo
poético apoteótico
ao escuro patético
o palhaço patético
poesia patética
sem nexo, apoteótica
poesia sem luz
escura e complexa
suja e sem escudo
desprotegida do escárnio
onde escuto o imundo
hoje morreu meu mundo
complexo sem nexo
poesia textura
onde me desfaço
onde me carnifico
onde me exemplifico
onde me petrifico
minha cura patética
minha cura escura
se acha na poética
poética sem espaço
onde eu me refaço.



Borba,
complexo, confuso, cansado, patético
e nada poético.

quinta-feira, setembro 08, 2005

Não chore, Flor!

Ao contrário do que muitos acreditam, o embate capitalismo X socialismo entre grandes potências chegou ao fim. O capitalismo reina absoluta sobre as nuvens escuras e obscuras onde embaixo jaz o socialismo. É, se bem que ultimamente quem ficou sob nuvens escuras e ventos impressionantes foi uma das maiores cidades americanas, Nova Orleães ("Ah, Filipux, escreve-se Nova Orleans" com voz retardada. Não, ou tu escolhe Nova Orleães ou New Orleans. Ficaria esquisito e chato falar Nova Zeland, não? "Ah, mas no Jornal Nacional, antes da minha novela, eu vi que aparece Nova Orleans" Hum, então pelo jeito é melhor tu ficar sem ver) .

Filipux (sem tempo para algo a mais)

segunda-feira, setembro 05, 2005

Timidez

Ah a timidez...
Minha companheira maior, que sempre me guiou pelos caminhos tortuosos da vida e do amor, razão dos meus problemas, causa maior dos meus tormentos, a espinha na minha garganta, e, principalmente, a maior desculpa esfarrapada para meus travamentos frente às garotas (desculpa essa que veio bem a calhar por várias vezes).
Até hoje eu tento descobrir o verdadeiro motivo desse sentimento existir com tanta força em meu coração. Será genético? (Não, meu pai foi um “galinha sem-vergonha”). Será trauma? (Não, tive uma infância normal, com pessoas normais, crianças normais, pais normais, e eu SOU normal e pronto!). Será da alma? (E a alma tem doenças? Se tiver, achei a resposta!). Do que será então?
Já passei tanto tempo pensando nisso. Cerca de 3 anos, 2 meses e 7 horas. (Foi a partir do momento que percebi que meus amigos conseguiam namoradas, - até o Gordinho, filho da D. Nilza - mas eu não). Bom, calculando a 10 reais a hora, se eu estivesse trabalhando nesse período todo, eu ganharia R$273.670. Na média, daria pra comprar 9122 livros de auto-ajuda (o que com certeza resolveria meu problema), e ainda sobraria dinheiro pra comprar umas balinhas na esquina. Acho que eu perco tempo demais pensando!
E na hora de perguntar algo pra recepcionista? Meu pai dizia:
“Vai lá moleque, pergunta pra ela”. E eu:
“Ah pai, mas todo mundo vai ver...”. E ele:
“É claro moleque, tu não é invisível!”
Mesmo com todo esse “encorajamento” da parte do meu pai, até hoje eu tenho vergonha de perguntar qualquer coisa que seja pra qualquer pessoa. Pra marcar dentista eu tenho que usar o telefone. Se desse pra fazer consulta pelo telefone seria ótimo também.
Qualquer contato visual, olho no olho, me deixa ruborizado. Minha primeira namorada só foi saber que eu gostava dela 3 anos depois do sentimento existir em mim. 2 meses depois ela foi embora pra outra cidade, eu também, e eu só pude aproveitar esses parcos dois meses.
Talvez as coisas sejam dificultadas pelo fato d’eu me apaixonar por qualquer garota que me dê o mínimo de atenção.
Mas as coisas estão melhorando. Ontem eu falei com a menina que senta atrás de mim na faculdade. Fiquei super feliz:
“Ei, seu lápis caiu ali.”
“Ah...obrigada.”
Eu não vi, mas eu acho que ela sorriu.

Borba

quarta-feira, agosto 31, 2005




Clique na imagem.

Prometi, cumpri.
Nada demais, apenas meu primeiro teste digital com desenhos desse tipo.
Critiquem.
Mas compreendam meu estilo preguiçoso inacabo que eu adorei.

terça-feira, agosto 23, 2005

Kurt e Os Sonhadores

A trastornada Paris dos anos 60 (precisamente 1968) serve de belo cenário ao encontro do americano Matthew (Michael Pitt) com os irmãos gêmeos Isabelle (Eva Green) e Theo (Louis Garrel) que, como ele, são profundos conhecedores de cinema. Isabelle e Theo mantêm uma relação incestuosa. Eles não estão preparados pelo que está por vir: o amor dela pelo americano. O resultado é uma relação bipolar entre amor e raiva.

A trilha sonora é perfeita para o filme, inclusive a versão da música de Jimmy Hendrix feita por Michael Pitt que, por acaso, é o mesmo que fez Last Days, a "quase-biografia" de Kurt Cobain, mas esse tinha pesadelos.

Michaell Pitt em "Last Days"

Filipux

terça-feira, agosto 16, 2005

O cara atrás do chapéu

Quem é ele?
Esse cara triste
Que se esconde atrás do seu chapéu riste?
Ele não fala, e não insiste
Parece até que não existe
Sempre quieto, sempre na dele
O seu silêncio
já diz tudo e não diz nada
- Que bastarda vida desgraçada!
O que será que ele pensa?
Sempre no mesmo lugar ele senta
Nunca olha no rosto, seus olhos escuros
Escondem algo que poucos percebem
Até que as nuvens de seu rosto dispersem
Será que é otário? Será que é maduro?
Se esconde no escuro de seus olhos escuros
E na sombra da aba de seu chapéu triste
Que como parte de si, sempre está riste
Preso na sua cabeça que ninguém decifra
Sua mente
Ninguém entende
Quem será ele? Atrás do chapéu?
Merece o inferno, ou merece o céu?
Que seja feliz esse homem triste
Que se esconde atrás de seu chapéu riste.

Borba

quarta-feira, agosto 10, 2005


Das cuecas ao sexo

Eu me considero uma pessoa organizada. Não chego exatamente a ser metódico como meu pai, mas gosto de tudo que é meu no lugar certinho.
Não gosto que mexam nos meus CD's por exemplo. Muito menos se você é uma daquelas pessoas com incrível capacidade para arranhá-los (sempre naquela parte da música que a gente mais gosta).
Mas de uns tempos pra cá, se você abrir a minha gaveta de cuecas, você vai encontrar um pandemônio geral, digno de carnaval baiano. Tudo jogado, misturado, displicentemente amassado. Lá dentro você pode achar lâmina de barbear, caixinha de band-aid, cópias de documentos e um sabonete pra perfumar cuecas que a minha querida vó me deu quando eu fiz 18 anos.
Acontece que esses dias eu li uma notinha em uma revista masculina (hihihi) dizendo que um estudo cientificamente comprovado mostrou que homens que têm a gaveta de cuecas bagunçada fazem mais sexo do que homens que têm a gaveta de cuecas arrumada. Sério mesmo.
É claro, nada mudou, e eu continuo, digamos... esperando a mulher certa.
Enquanto isso eu vou contendo o ímpeto incosciente que sinto de arrumar aquela gaveta bagunçada toda vez que vou procurar uma cueca.
Poxa, não aguento mais.

Borba

sexta-feira, agosto 05, 2005

Partido Regressista



Ao passar da 16ª volta ao redor do sol, todos os brasileiros (natos ou não) adquirem o nobre direito de votar. E, de acordo com a idéia de democracia consagrada na Grécia Antiga, escolher os rumos tanto da cidade onde mora, do Estado onde vive quanto do País onde nasce.

No dia marcado para o sufrágio, quase todos (obrigatoriamente) vão às urnas e através de suas convicções (algumas compradas), votam no candidato desejado.

Assim que eleito, o puto escolhido não pensa mais em defender o que por tanto suou (no clima tropical equatoriano) em palanques públicos. Ele vai se tornando imprudente até virar o típico "político brasileiro" (tipo de homem cujo único sentimento verdadeiro é a falta de sentimento, somada à arrogância impertinente e uma descarada e já consagrada arte de mentir), iniciando uma onda abestalhada de perversão dos princípios éticos (i.e. corrupção).

O sujeito chega ao sexto mandato. Agora, para ele, a essência da política consiste em apenas lutar bravamente pela posse ainda mais duradoura de uma "mamadeira de leite de ouro" para si e para sua família. Quanto mais ele depende dessa fonte, com mais afinco ele luta por ela. A cada instante que o cinto aperta ele fareja o começo do fim de tudo, e em cada nova denúncia -- uma ameaça. Com sua honra já perdida, ele recorre à última conseqüência: pede por clemência e verte lágrimas.

(no próximo sufrágio, a população o elege novamente)

Filipux

quinta-feira, agosto 04, 2005


Manifestações de burrice

Hoje eu assisti uma série de vídeos intitulados "A20", que mostravam manifestantes em São Paulo protestando basicamente contra a Alca (me lembrou bem alguns vídeos do Rage Against the Machine, que sempre mostravam o incendiário Zack de La Rocha incitando o público contra o imperialismo). O foco dos vídeos era na violência da polícia que covardemente partia pra cima dos manifestantes, que indefesos, coitados, sofriam.
Bem, a questão não é essa. Rage Against the Machine é uma das minhas bandas preferidas, e eu não sou contra nenhum tipo de manifestação pacífica, mas se você for perguntar pra todos os manifestantes que ali estavam “o que é a Alca ?”, grande parte deles não saberia responder. Alguns manifestantes falaram frente à câmera, provando a minha tese. Me fizeram rir.
Outros apareciam chamando os policiais de "fascistas" (provavelmente também não sabem do que ser trata ser fascista). Um homem de quase 2 metros, com uma faixa escondendo o rosto e uma camisa do Che Guevara disse que estava no canto dele sem fazer nada, quando um policial apareceu com seu cacetete e lhe aplicou um golpe nas costas. Mas pra que a faixa no rosto? Pra não ser identificado como saco de pancadas? Geralmente, quem se esconde alguma coisa fez de errado.
Por favor, não me entendam mal, mas, antes de tudo, vamos ser menos hipócritas e parar de fingir que a culpa é da polícia (eu não sei se é porque o meu pai é um policial militar, mas eu acredito que ainda existem homens honestos na corporação policial), ou do imperialismo, da Coca Cola ou do americano. O brasileiro normal, em geral é burro e acomodado. Eu por exemplo sou um. Isso já basta pra justificar os nossos problemas.
Eu só não gosto de generalizações. Sei que ali existiam manifestantes que realmente se importam com a camisa que vestem, o que dá sentido à passeata, assim como policiais com certeza abusaram do poder e bateram em gente que não fazia nada de errado.Mas a violência ocorreu de ambas as partes.
Então, antes de tudo, lutai-vos contra a hipocrisia.

Borba

segunda-feira, agosto 01, 2005

JT LeRoy


The Heart Is Deceitful Above All Things


Franzino, andrógino, excêntrico, o escritor JT LeRoy apareceu no Brasil mês passado para promover um de seus livros, Sarah.

Sarah e The Heart Is Deceitful Above All Things de JT LeRoy são tão estranhos quanto sua história. Em Sarah, Jeremiah Terminator LeRoy escreve uma narração de um menino que cercado por pisteiras vê naquele vida de desilusões e violência, um mundo encantado. Algo totalmente antagônico com o que é pensado por nascidos em berços mais nobres. Sua mãe (Sarah), veste-o de menina e o leva à vida com que ele tanto sonhava. A fixação do garoto por sua mãe (Sarah) é tão grande que ele adota o nome dela o livro inteiro, apesar disso, não confunde o leitor.

Glad, o cafetão que manda no pedaço, usa o tamanho do pênis de guaxinim para premiar a melhor pisteira. O sonho de Sarah ("o" Sarah) é conseguir o maior de todos. Por isso foge a um outro bar de beira de estrada onde terá mais serviço e assim voltar ao bar de Glad com fama e garantir o maior pênis de guaxinim entre todas as pisteiras. Parece fácil, mas diversos fatos ocorrem fazendo com que Sarah sofra por suas escolhas.

Shirley Manson do Garbage fez uma baladinha um tanto esquisita inspirada na história de JT LeRoy, chamada Cherry Lips.

Quanto ao outro livro, The Heart Is Deceitful Above All Things tornou-se um filme dirigido por Asia Argento e exibido um pouco antes da entrevista de LeRoy em São Paulo, desconheço tanto o livro, o filme, quanto a entrevista. Mas se LeRoy for tão excêntrico e manter a mesma linha de Sarah, eu terei de ler o livro, a entrevista, e assistir ao filme. Quando se acha um bom escritor (mesmo que pareça uma escritora) é bom sugar tudo que ele tem a oferecer.

Filipux

Pingüins e a "Doutrina" Metaleira



-- O frio é demais, todos se vestem bem! Acho até que é melhor que o verão
-- Blé! Então vai viver na geladeira!

Trecho de uma conversa de Filipe, que gosta do calor de dezembro em Marília e não do frio que por aqui faz, com um metaleiro. Ninguém merece ver metaleiros abusando de seus sobretudos baseados em pretextos fajutos. Metaleiros, góticos, não sejam falsos.

Filipux

terça-feira, julho 26, 2005


Quando finalmente consegui pegar no sono sem ser incomodado pelo ronco de motor que meu irmão produzia próximo a mim, fui acordado.

-Mateus!
-...
-Ei Mateus, acorda porra!

Era ele, assustado, me acordando por algum motivo que eu não queria saber qual era. Parece que tinha mudado a maneira de me incomodar. Desisitiu de roncar e queria ficar me enchendo na cara de pau.

-Quêê? Eu perguntei, meio entre sono e raiva.

Quando pequeno todos achavam que ele podia ver espíritos. Às vezes ele acordava gritando no meio da noite, todo mijado, assustando todo mundo.
Meu pai tentou de tudo. De tratamento espiritual a tratamento de choque. Coitado do menino.
Nesse momento eu lembrei disso.
Será que o puto não estava só tentando me chatear, e estava vendo alguma coisa?
Será que era um extraterrestre? Ou pior: um ladrão?!
Eu olhei pra ele. Ele estava entre branco e amarelo e parecia um pouco assustado.

-Fala velho.
-Escuta isso!

Meu Deus! Escutar grilo de madrugada é foda!
Agucei um pouco os ouvidos, o máximo que eu conseguia depois de ser acordado por um médium complexado no meio da noite.
E de repente eu ouvi mesmo. "Socorrooooooooooo...", bem ao longe.

-Que porra é essa?
-Sei lá! Tá ouvindo? Eu tava aqui há um tempão assustado ouvindo e resolvi te acordar.

Era madrugada. Frio. E atrás da minha casa existe uma favela onde volta e meia se vê (se ouve, se vê, se fala e se faz, mas ninguém sabe quem foi) tiroteio, briga de facções por pontos de droga, marido-corno-maluco com arma não mão e de vez em quando alguém morre com uma bala perdida achada no peito.
Então eu não sei de onde tirei coragem para abrir a janela. Só sei que abri e dei uma espiada.
Realmente era um som que parecia vir de longe. Alguém gritando "socorroooooooooooo". Mas o grito era muito constante. Muito estranho.Parei um pouco e tentei buscar a lucidez que restava na minha cabeça entorpecida pelo sono.

-Eric, há quanto tempo você está ouvindo isso?
-Desde que eu acordei, há uns 10 minutos.

Olhei no relógio da mesinha. 5:15 da manhã.

-Irmão, relaxa e vai dormir. A gente não pode fazer nada.

Não era um homem gritando por socorro. Nem uma mulher, nem o Bin Laden nem ninguém.
Não sei se ele conseguiu dormir com o peso na consciência, mas eu fui dormir com a certeza de que eu deveria ser o primeiro ser humano na face da terra a ouvir uma galinha cocoricando "so có rró cóóóóóóóó".

quinta-feira, julho 21, 2005

Três formas de pessoas prejudicadas na beleza conseguirem garotas

1- Através de modificações no carro ou corridas onde não há troféu;
2- Através de danças esquisitas, principalmente no meio do mês de julho onde o carnaval está longe;

Mas e quando não se está na frente de uma boate para ver o babaca cantando pneu ou no meio de uma micareta com a temperatura que lembra o inferno? Sim, pode-se falar que dentro de um bar ou boate a coisa é diferente, por isso chegamos à terceira maneira, e essa é a mais fácil, mas também a mais comum: embebedamento.

Geralmente quando se chega a um lugar as posições estão definidas: "Aquela dali é jeitosa", "Hum, olha o pitéu", mas as investidas nem sempre dão certo, já que a feiúra do atacante é bem grande. Por isso ele, se tiver alguma inteligência, vai se lembrar de um estudo que dizia que quando as pessoas estão alcoolizadas tendem a ver as outras de outra forma, forma essa melhor, de uma forma mais bonita, se me vale a aproximação ao assunto tratado. Por isso ele gasta tudo que tem para suas investidas na bebida, de preferência uma forte, como o Whisky, se a pobre guria vomitar, melhor ainda. E no final da noite, ela sai bêbada, cambaleando e, o pior de tudo, mal-acompanhada.

Filipux

domingo, julho 17, 2005


E essa tem sido a minha diversão em muito tempo. Fico aqui sentado, entorpecido, vendo e revendo as mesmas velhas e repetidas fotos que me trazem melancoilia e tristeza; simplesmente já não sei mais o que fazer, então escrevo, com uma certa fúria que preenche a minha alma e o meu coração, vomitando os mesmos clichês de sempre. Não cabe dizer que já estão gastos. Todos já sabem.
Mas mesmo assim a saudade bate, dói e machuca. Mesmo assim ela permanece martelando, me jogando pra baixo, pra escuridão, pra negrura, depressão. Nesse quarto sem luz, a única coisa que mantém a idéia de que existe algo vivo no meu mundo é esse barulho que vem de fora, que ainda não consegui decifrar. E as fotos. Elas me mantém vivo. Elas me mantém acordado. Elas exercem a função de me tirar da realidade, por instantes, e me levar a um mundo que já foi meu, num dia, perdido.
E às vezes eu fico me perguntando se não são elas, as fotos, que me trazem essa tristeza, por manterem vivas na minha memória as lembranças de que algum dia eu fui essencial pra alguém. Será que na minha hipócrita ilusão, eu não me engano?
Acho que no fundo não quero ver que o que eu acho que me liberta na verdade me consome. Acho que vou queimar essas fotografias.

Borba

quinta-feira, julho 14, 2005

Que linda besta!



Voltando ao assunto da feiúra ("Ih, lá vem o chato que se acha o bonito falar da feiúra dos outros"):

Hoje, começa em Porto Velho, o evento que é o ápice da feiúra, o carnaval fora de época. É deplorável a situação (gente suada se esfregando), como não conheço o assunto eu fui até o "blog" do Bloco Maria Fumaça, bloco que diz que o evento é o point mais chique da cidade-da-roubalheira-esburacada, para querer saber o porquê de tantos feios se juntarem a ele.

Não demorou muito para eu encontrar este comment feito por "Eu Não Vou e Pronto", alguém que deve saber do que está falando: "haha esse maria fumaça ja naum tem mais ideia pra carnaval, fora o chiclete essas bandas ja eram... e quem comprou kit vai ficar ouvindo o araketu cantar musica lenta na avenida hhahah e a banda cheiro juntamente com asa de aguia vaum cantar os flashback das cavernas de carnaval hahaahah.... sinto muito pessoal mas segunda feira eu vejo todos vcs sem grana por ai ta bom...".

Ok, está bem, não é digno de leitura, mas vale a idéia: carnaval de todas as espécies é uma besta. Se bem que se economizado, esse dinheiro ajudaria na cirurgia plástica, evitando a necessidade de ter que se esfregar em alguém para conseguir um beijo.

Filipux

quarta-feira, julho 13, 2005


Desculpas ao post vazio

É porque sem o saber só há o vazio.
Esse deveria ser meu lema.

Historinha para entreter vocês (é real, aconteceu ontem) :

-Vó, a senhora sabia que Hitler era monocóide?
-O que menino? Quem?
-Monocóide vó, ou seja, ele só tinha um ovo.
-Ah menino, sei lá...Eu nunca vi nem a cara desse Hitler, você queria que eu soubesse como era o saco dele...

Borba

segunda-feira, julho 11, 2005

Um Poeta Morto

Um poeta hoje morreu
entre suas palavras evaporou
e suas alvas antigas folhas
amareladas do tempo
e sujas de rabiscos
onde há tempos ele morou
já não existem mais.

Que descanse em paz
por tudo que passou
e teve que passar
desilusões, amores tolos
mas foi feliz naquilo que fez
ao menos assim achava
enquanto se enganava.

O sofrimento e a tristeza
eram suas inspirações
as musas que não teve
os não abalados corações
verdade, talvez amou
se amar era o que pensava
só sabia da dor e lamentação
enfim, cansou de tudo
cansou da vida cansou do mundo.

Um poeta hoje morreu por você
este poeta ficou à sua mercê
mesmo sem você perceber
enfim, parou de sofrer
pobre poeta, que não cresceu
pobre poeta, triste, acabou
pobre poeta, enfim, morri
este poeta - eu - morreu por ti.

Borba

sexta-feira, julho 08, 2005

Na natureza, como na vida
Nada se cria, tudo se recria
Nada nasce, tudo renasce
Desde uma alma até a ferida
Tudo é reutilizável
Tudo é reaproveitável
Tudo é reciclável
Apenas formas novas pra palavras velhas
E assim, poemas, como este
Com temas, como todos
Aparecem e reaparecem
Até parecem ser novos
Quando tudo na verdade
É uma cópia do que já foi
O novo imita o velho
Mesmo que seja sem maldade
Essa é a realidade
Idéias originais, são cópias lapidadas
Figuras notáveis, são linhas pré - moldadas
Humanos, artes e ciências
Sociedade pré - fabricada.

Borba

quinta-feira, julho 07, 2005

"Surrounded by Ugly Guys"

Um garoto feio sabe que sua feiúra já declarada não chamará a atenção das garotas, por isso ele se junta a alguns amigos (de preferência feios) gastam a grana que poderiam aplicar em cirurgias corretoras (muitas) no que eles pensam que elas repararão: carros.
Eles rebaixam, pintam, trocam as calotas, e fazem mais porcalhadas para "envenená-lo". Algo que serve para transportar, torna-se o atrativo para as marias-gasolinas.
E quando a beleza não-reconhecida do guri beira o ridículo ele apela para as derrapagens e/ou rachas. Se tu perguntar a ele o porquê de fazer isso, ele te responderá: "Eu amo velocidade!" Se amasse ele estaria no circuito, mesmo que de kart, tentando satisfazer todo esse amor pela velocidade, mas não, o puto está na rua assustando tanto com as idiotices que faz quanto com a feiúra que carrega.

Johnny, o da música da Legião Urbana, deveria ser bem feio.

Filipux