quinta-feira, setembro 29, 2005

"Ein neuer Anfang" oder "Auf den Hund Gekommen"?

Os alemães são famosos tanto por reunirem, em um só país, a maior potência européia e uma das ex-repúblicas comunistas quanto por serem o país-sede da próxima Copa do Mundo. Mas o que tem posto os germânicos (outro adjetivo que caracteriza quem nasce por lá) em evidência é a luta de Angela (pronuncia-se anguela, por favor) Merkel (a senhora da foto acima), que nasceu em Hamburgo, mas morou a maior parte da vida na Alemanha Oriental; e Gerhard Schröder, nascido e criado em Hannover nos moldes capitalistas alemães pós-Hitler -- pelo posto de Bundeskanzler, ou em bom português: chanceler Federal.

Merkel começou bem e deixou Schröder bastante distante de continuar no cargo. Porém nem tudo que é bom dura eternamente, por isso Merkel, coitada, começou a despencar nas pesquisas eleitorais devido a alguns debates em que acabou perdendo ou saindo sem a moral de poder ser a futura salvadora dos empregos e da economia alemã, ambos, em baixa.

No dia 28 de agosto houve o pleito eleitoral e Merkel ganhou. Ela não pôde, porém, declarar-se vitoriosa, já que no sistema eleitoral alemão o partido vencedor tem que ter maioria para poder governar. O partido dela, o CDU (Cristlich-Demokratische Union) obteve somente duas cadeiras a mais do que o partido de Schröder, o SPD (Sozialdemokratische Partei Deustschlands) -- uma diferença muito pequena. Tudo poderia se resolver em uma coalisão dos dois partidos, mas é aí que a história ganha corpo de encrenca pelo poder, já que só há um país, logo só poderia haver um chanceler e ambos, é claro, querem o posto. A última chance de Merkel será no domingo próximo quando um colégio eleitoral de Dresden (na sua ex-Alemanha Oriental) que não teve eleições no dia 28, irá tê-las. Se ela (cujo lema era Ein neuer Anfang [um novo começo]) não conseguir a maioria, vai acabar "ficando na miséria" ou em bom alemão: "Auf den Hund gekommen", que ao pé-da-letra seria algo como "do cachorro vir (surgir)". Não seria tão anormal, não é que ela lembra um bulldog!

Filipux, o internacionalista.

quarta-feira, setembro 28, 2005



Arte do Renan para o blog.

Borba aqui.

sábado, setembro 24, 2005

Surdez do Mundo

Eu preciso ir a um otorrinolaringologista.
Não sei qual é a percentagem de surdez em cada um dos meus ouvidos, mas não é por eu não saber que ela deixa de existir.
O problema é que eu escuto música nas alturas. Eu já passei uma fita adesiva na pecinha de volume do meu discman, assim ele nunca sai do máximo. Ouvir rock bem alto é muito bom. Aliás, só assim é bom.
A Gil, moça simpática do laboratório lá da Universidade, vive reclamando comigo: “Abaixa isso minino! Tááá ficando doido? Vai logo ficar surdin, surdin!!!” Eu dou umas risadas, falo umas bobagens e tudo bem, fica por isso mesmo.
Mas ontem eu descobri uma boa justificativa pro som alto: a fuga da realidade. Eu gasto cerca de 50 minutos, indo e voltando da aula, e o caminho não é dos melhores. Eu moro num bairro de classe média baixa (segundo o meu padrão pré-estabelecido e aceito por todos), o que já é uma coisa ruim. No curto caminho, eu passo por pobreza, ladeiras (normal por aqui), muito lixo jogado pela rua (mais normal ainda), gente indo pro trabalho, um fedor insuportável (para o padrão das minhas narinas de menino rico), garotinhos pelados brincando, favela, uma ponte com um enorme rio de sujeira e esgoto correndo abaixo, gente sentada na porta de casa olhando a vida dos outros, ruas esburacadas (quando chove eu tenho que caçar um lugar seguro pra passar, sem correr o risco de tomar um banho de lama), muito cocô de cachorro, muito mesmo (bosta, pedra mole, minas terrestres, barroso, abará de porco), barulho (sim! Afinal minhas pilhas não são fontes infinitas de energia, e eu fico na mão, tendo que ouvir o pagodão que rola em cada esquina) e muitas outras coisas ruins, além do constante risco de sofrer um assalto.
O meu alívio é quando chego perto da Embasa. Eu (na minha inocência de garoto criado em berço de ouro e a pão de ló) ainda não descobri por que as esquinas da Embasa estão sempre limpas. Ainda não descobri por que só o asfalto na frente da Embasa é liso feito bunda bebê, e só na frente da Embasa não fede. Mas eu fico aliviado quando chego lá.
Ah, esqueci de falar, pra quem não sabe, que a Embasa é um Órgão do Governo do Estado da Bahia (mas isso é irrelevante, né).
Faz sentido ou não eu querer fugir dessa realidade?

Borba

quinta-feira, setembro 22, 2005



Eu vi os contornos, de longe, meio embaçados.

As listras de tarde, que as persianas de fibra, do alto, deixavam dançar em suas formas lascivas, devido ao balanço do vento, reluziam alegres na sua pele. O andar cheio de hesitação, mas gracioso. O rosto... E tudo isso passou semipercebido por minha consciência, como outra banalidade do existir.

Passando-se os minutos, naquela dança sutil que dois corpos fazem quando se percebem, de longe, e que dançam, disfarçando, fazendo outras coisas. Os olhares, os gestos, tudo é mais belo; porque tudo é pro outro, como um presente.

As formas vieram para perto, trabalhar no lado de cá. Aquele ar que fica denso, pela proximidade, como o derradeiro ar carregado que precede um relâmpago. Os olhos se afastam, comedidos, com medo de provocar alguma descarga; nos parcos instantes, porém, se atritam um pouco, gerando faíscas. As curvas ficam, mas as curvas vão, dançando.

No último ato, o adeus anuncia-se, implícito, já pelo tempo decorrido. Os olhos caem um pouco, mas continuam observadores. No caminho até mim, as pupilas se cruzam e se atravessam até a tensão ficar insuportável, e sento num canto. O adeus, implícito; o armário; a escada; olhar de soslaio, um pouco demorado; a mão no corrimão, lasciva, teimosa, querendo ficar; adeus, explícito. Nenhuma palavra.


Grato, Thiago Cauduro, uma puta sem boate.

terça-feira, setembro 20, 2005

Não leia! Não leia! Não leia!

Os professores de redação adoram enforçar a já conhecida divisão introdução, desenvolvimento e conclusão. Putos!

Introdução ou texto introdutório.
Quinze para as dez da noite, Filipe (eu mesmo na terceira pessoa, já que também sou o narrador), volta ao seu "apertamento" (sim, é um trocadilho barato que ouvi em algum programa por aí). Ao atravessar a Rua Goiás, quase ser atropelado por um caminhão de propoções golianas e dar uma breve corrida para a salvação da calçada do outro lado, ele repara que pessoas gordas têm aversão a ele. Talvez por ele ter, digo: não ter o que elas têm, gordura em excesso. O último fato que lembra ocorreu um pouco antes de quase ter sido atropelado -- a professora de redação.

Desenvolvimento textual.
Às 18:00, ele chega ao Curso onde a professora de redação já o devia estar esperando ou mesmo ter ido embora, puta de ter perdido a viagem. Ele procura por todos os lados e não encontra a nobre professora e é informado pelo Tsuda (amigo nipo-ítalo-brasileiro) que a mesma ainda não havia chegado. Passa-se cerca de uma hora e ele continua olhando as duas redações que ela deveria analisar junto a ele -- uma sobre a violência entre jovens (tema já desgastado, mas insistentemente defendido por ela como um dos principais) e o outro que já foi posto aqui em "Genebra e as Três Prostitutas" sobre a corrupção (esse é tema corrente e cotado para algumas das universidades que farei. Tem que ser, senão eu a mato).

Ele olha para o lado e vê que ela já havia adentrado a biblioteca dantesca de livros de mal ou péssimo gosto onde só se salvam Decamerão (já lido por mim), Dom Quixote (projeto) e o dicionário Sacconi. "Ah, Filipe, tu paga mais de três centenas e meia de reais e nem tem um Almanaque Abril sequer na biblioteca?" Ah, tem, mas é de 2003 (tempos da já antiga e mal-afamada Iugoslávia do sanguinário e também mal-afamado Milosevic. bons tempos). Após questionada sobre a correção ou não das redações, ela diz com um breve sorriso: "Claro, só me deixe, rapidamente, olhar o orkut". Eu engulo o que ela disse desejando que ela engolisse duas toras e meia da "etnia negra (como ela gosta de dizer)".

Conclusão.
Depois de desenhar uma folha inteira de rascunho e olhar incessantemente para ver se havia algum sinal da sua vinda, Filipux pensa que o melhor é ver o que ela tanto faz na internet. Ele se depara com a ação mais ridícula que ele já vira de uma professora de redação: a criação de uma comunidade do orkut de um programa infantil da década de 1980. Ele retorna à mesa e fica a sua espera. Bate o sino e ela desaparece. Ele descobre, então, que ela havia locado um filme que assistirá junto à classe. Ele vai até lá e pergunta se ela fará a maldita correção. Ela, com cara de quem tem algo a dever, diz que só semana que vem poderá fazê-lo (apesar de ter deixado Filipux esperando por quase quatro horas). Amanhã, filipux irá encontrá-la, e talvez a redação que ela corrigirá será essa, daí ela sentirá no seu estômago gordo de proporções colossais o gostinho da vingança.

"Não disse, professora, não era para ler. Ah, tem algum erro?"

Filipux

quinta-feira, setembro 15, 2005

Jefferson Memorial - Washington - District of Columbia

Proposta: Corrupção no Brasil
Aluno(a): Filipe Mesquita

Título: Degradação humana...

Após o 16º aniversário, todos os brasileiros (natos ou não) adquirem o nobre direito de votar. E, de acordo com os princípios básicos da democracia consagrada na Grécia Antiga, escolher os rumos tanto da cidade onde moram, do Estado onde vivem quanto do País onde nasceram. E quanto aos políticos que estão do outro lado?

Criança chata: "Ah, Filipe, já lemos esse texto!"
Filipux: "Leia até o final, por favor!"

No dia marcado para o pleito eleitoral, os eleitores vão (obrigatoriamente) às urnas e através de suas convicções, mesmo que algumas compradas, votam no candidato desejado.
Assim que eleitos, os escolhidos não pensam mais em defender o que por tanto suaram em palanques eleitorais. Eles vão tornando-se imprudentes até virarem o típico "político brasileiro"; tipo de homem, cujo único sentimento verdadeiro é a falta de sentimento, somada à arrogância impertinente e uma descarada e já consagrada arte de mentir. Iniciando, com isso, uma onda abestalhada de peversão dos princípios éticos (isto é, a corrupção).
O sujeito chega ao sexto mandato. Agora, para ele, a essência da política consiste em apenas lutar bravamente pela posse ainda mais duradoura de uma "mamadeira de leite de ouro" para si e para sua família. Quanto mais ele depende dessa fonte, com mais afinco luta por ela. A cada instante que o cinto aperta ele fareja o começo do fim de tudo, e em cada nova denúncia -- uma ameaça. Com sua honra já perdida, ele recorre à última conseqüência: pede por clemência e verte lágrimas. Quatro anos depois a população o elege novamente.

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No caso do deputado Roberto Jefferson; pessoa a qual este texto, corrigido por uma professora de redação, foi direcionado; serão oito anos. Pelo menos o puto foi cassado (devia ter vertido pelo menos um pouquinho de lágrima!). Durante esse tempo só haverá a memória de um Jefferson em Washington.
Filipux





e me deixe no escuro
canto imundo e escuro
onde nada eu escuto
mundo feio e escuro
sem proteção nem escudo
na negrura do escuro
algo escárnio e sujo
e da luz ao escumo
algo nada poético
tudo meio sem nexo
tudo muito complexo
poético apoteótico
ao escuro patético
o palhaço patético
poesia patética
sem nexo, apoteótica
poesia sem luz
escura e complexa
suja e sem escudo
desprotegida do escárnio
onde escuto o imundo
hoje morreu meu mundo
complexo sem nexo
poesia textura
onde me desfaço
onde me carnifico
onde me exemplifico
onde me petrifico
minha cura patética
minha cura escura
se acha na poética
poética sem espaço
onde eu me refaço.



Borba,
complexo, confuso, cansado, patético
e nada poético.

quinta-feira, setembro 08, 2005

Não chore, Flor!

Ao contrário do que muitos acreditam, o embate capitalismo X socialismo entre grandes potências chegou ao fim. O capitalismo reina absoluta sobre as nuvens escuras e obscuras onde embaixo jaz o socialismo. É, se bem que ultimamente quem ficou sob nuvens escuras e ventos impressionantes foi uma das maiores cidades americanas, Nova Orleães ("Ah, Filipux, escreve-se Nova Orleans" com voz retardada. Não, ou tu escolhe Nova Orleães ou New Orleans. Ficaria esquisito e chato falar Nova Zeland, não? "Ah, mas no Jornal Nacional, antes da minha novela, eu vi que aparece Nova Orleans" Hum, então pelo jeito é melhor tu ficar sem ver) .

Filipux (sem tempo para algo a mais)

segunda-feira, setembro 05, 2005

Timidez

Ah a timidez...
Minha companheira maior, que sempre me guiou pelos caminhos tortuosos da vida e do amor, razão dos meus problemas, causa maior dos meus tormentos, a espinha na minha garganta, e, principalmente, a maior desculpa esfarrapada para meus travamentos frente às garotas (desculpa essa que veio bem a calhar por várias vezes).
Até hoje eu tento descobrir o verdadeiro motivo desse sentimento existir com tanta força em meu coração. Será genético? (Não, meu pai foi um “galinha sem-vergonha”). Será trauma? (Não, tive uma infância normal, com pessoas normais, crianças normais, pais normais, e eu SOU normal e pronto!). Será da alma? (E a alma tem doenças? Se tiver, achei a resposta!). Do que será então?
Já passei tanto tempo pensando nisso. Cerca de 3 anos, 2 meses e 7 horas. (Foi a partir do momento que percebi que meus amigos conseguiam namoradas, - até o Gordinho, filho da D. Nilza - mas eu não). Bom, calculando a 10 reais a hora, se eu estivesse trabalhando nesse período todo, eu ganharia R$273.670. Na média, daria pra comprar 9122 livros de auto-ajuda (o que com certeza resolveria meu problema), e ainda sobraria dinheiro pra comprar umas balinhas na esquina. Acho que eu perco tempo demais pensando!
E na hora de perguntar algo pra recepcionista? Meu pai dizia:
“Vai lá moleque, pergunta pra ela”. E eu:
“Ah pai, mas todo mundo vai ver...”. E ele:
“É claro moleque, tu não é invisível!”
Mesmo com todo esse “encorajamento” da parte do meu pai, até hoje eu tenho vergonha de perguntar qualquer coisa que seja pra qualquer pessoa. Pra marcar dentista eu tenho que usar o telefone. Se desse pra fazer consulta pelo telefone seria ótimo também.
Qualquer contato visual, olho no olho, me deixa ruborizado. Minha primeira namorada só foi saber que eu gostava dela 3 anos depois do sentimento existir em mim. 2 meses depois ela foi embora pra outra cidade, eu também, e eu só pude aproveitar esses parcos dois meses.
Talvez as coisas sejam dificultadas pelo fato d’eu me apaixonar por qualquer garota que me dê o mínimo de atenção.
Mas as coisas estão melhorando. Ontem eu falei com a menina que senta atrás de mim na faculdade. Fiquei super feliz:
“Ei, seu lápis caiu ali.”
“Ah...obrigada.”
Eu não vi, mas eu acho que ela sorriu.

Borba