segunda-feira, outubro 10, 2005

Bom dia, Dona Diu

Hoje no caminho pra aula eu estava pensando em coisas...
Sabem? Coisas?
Entre um tropeço na calçada destruída, um QUASE! no cocô do cachorro e um escorregão na ladeira, eu consegui lembrar de momentos felizes da minha infância. Antes de morar aqui em Salvador, eu sempre vinha passar férias da casa da minha avó (essa mesma, dona da casa onde eu moro hoje, e da história do ‘ovo do Hitler’ – ver ‘Na Gaveta – Julho/2005 - Desculpas ao post vazio’).
Isso ainda nos meus primórdios, quando eu brincava com o Sulapa, o Nôzinhu, o Coroa, o Cabeça, o Perna 1 e o Perna 2, o Uégo e o Tíutiu; quando eu ainda tinha medo do Ximbica, e toda vez que ele aparecia, todo mundo gritava e eu corria (ainda não entendo bem a razão disso...); quando a gente ia pra praia do Corsário, e tínhamos que esconder a bola pra galera da ‘Malconha’ não roubá-la; quando eu era triste por não ter um apelido legal igual a todos os garotos da rua; quando eu ‘pegava o baba’ (como os soteropolitanos falam ‘jogar futebol’) aqui perto de casa, e sempre voltava quando o dia já havia morrido, todo suado, sujo, e geralmente com um pedaço do dedo deixado pra trás.
Aliás foi daí que surgiu meu ódio por aquela velha. Ah!, Dona Diu (não sei se é ‘Diu’ ou ‘Dil’, por que o nome dela tanto pode ser ‘DiUmínia’ como ‘DiLuvida’), se a senhora soubesse quantas macumbas a galera da rua fez pra que a senhora escorregasse enquanto lavava a varanda da sua casa! Ou pra que a senhora engasgasse e morresse com o caroço do cajá que a senhora nunca dava pra gente...
Acontece que meu pai tinha comprado uma bola novinha, daquelas de couro. Na época, Topper era A marca do sucesso. A marca do momento. O Branco (jogador da Seleção Brasileira) era quem fazia a propaganda: ele soltava um petardo que atingia o peito do goleiro com força e o afundava nas traves.
No meio do baba, o Sulapa, que era gordo, e grosso, achou que era o Branco, e com a MINHA bola Topper (é, eles me convenceram a usá-la na rua). Ela foi parar no quintal da Dona Diu.
Nessa época a gente ainda não odiava a velha. Ficou todo mundo lá na frente da casa dela:
- DÔônaa DííÍÍíuuuuuuuUUôôÔÔÔ!!! DÔônaa DííÍÍíuuuuuuuUUôôÔÔÔ!!!
Nada.
- DÔônaa DííÍÍíuuuuuuuUUôôÔÔÔ...
De novo nada.
Aí alguém teve a idéia de pular o Kevin por cima do muro. O Kevin (de Kevinliano – juro por Deus, é o nome dele!) era menor e mais ágil. Então lá foi ele.
ZAP. PUM. PAF! De cara no chão.
As conseqüências desse ato não são nada, perto do fato da Dona Diu ter ficado com a minha bola-da-Topper-que-o-Branco-fazia-propaganda PRA SEMPRE! Ah, velha safada! Aposto que de noite ela ficava na sala tentando fazer embaixadinhas, não se achando o Branco, mas pelo menos a bisavó dele.
Esse dias eu nem lembrava mais o motivo, mas lembrava que odiava ela, quando ouvi uma conversa dela com a minha avó:
(...)
- Pois é, eu sempre o vejo indo de manhã pra Universidade, e sempre rezo pra ele ir com Deus e em paz.
ÃNH? Que velha famigerada e cara-de-pau. Além de roubar a minha bola, ainda fica se fazendo de boazinha pra minha avó!
Pra tirar a dúvida e desmascarar essa uva passa enrugada, hoje de manhã eu passei por ela e falei, com muito esforço pra fazer uma cara convincente:
- Bom dia, Dona Diu.
Ela estranhou, levantou a cabeça e me olhou um olhar que bateu no meu coração:
- Vai com Deus e em paz, meu filho. Bom estudo.
...

E hoje eu tento julgar menos as pessoas.

Borba.

6 comentários:

Anônimo disse...

Borba, como sempre baixando a qualidade e tentando deixar as coisas mais populares...

Anônimo disse...

Ah...

Ass.: Borba.

- disse...

Não! Não! Não! NÃOOO!!

Mas nunca que essa tal de D. Diu ia me convencer!!!
O quê? Ela roubou a bola das crianças quando elas mais precisavam se divertir!!!
Nãooooo!
Essas velhinhas são umas espertas, isso sim!

Alfaia

- disse...

Quando pequeno eu fugia das peladas. Principalmente com medo de cair no chão e perder um dos meus dentes, ou bater a cabeça na trave e ficar tetraplégico.

Por isso, sempre valorizei os jogos eletrônicos, já que neles os "personagens" podiam fazer coisas inimagináveis no mundo real, morrer e ainda ter duas vidas para gastar. Sem contar o bônus que era quase garantido.

Tanto tu quanto o Alfaia se lembram disso muito bem. Ah, eu era bom de queimada: envergava meu corpo ou dava pulos com uma rapidez...

É, hoje, tenho todos meus dentes bonitos e inteiros.

Filipux

Anônimo disse...

Tem um tempero de autor bom lembrando da infância.


Thiago Cauduro, uma puta ansiosa para ir ao Copacabana, mas sem nada a oferecer no progama.

Anônimo disse...

porra mateus...
vc tem q contar essas suas historias da proxima vez q sair com agente!!!!





elas são veridicas msm???????
heheheheheh!!!!!!!!!