terça-feira, março 28, 2006

O Retorno da Múmia



Anteontem, passou O Retorno da Múmia, o que me fez lembrar da nossa querida Margaret Tachter e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Sim, múmia — político de idade avançada que marcou era (i.e. governando por mais de, ou quase uma década) — cabe muito bem ao FHC.

Pois bem, FHC se uniu a Tasso Jereissati (presidente do PSDB) e a Aécio Neves (governador bem-cotado de Minas Gerais) e formaram o "triunvirato" com intuito de decidir qual seria o candidato do partido à eleição presidencial. É sabido por todos que o vencedor foi Geraldo Alckmin. Mas houve duas notícias a parte que passaram quase batido.

São Paulo, o maior colégio eleitoral do País é o triunfo tucano, há 12 anos, o Estado é governado por esse partido, seja na batuta de Mário Covas ou de Geraldo Alckmin, mas o que se viu recentemente foi a falta de candidatos tucanos à altura do posto, que conseguissem manter a hegemonia do partido no Governo do Estado. O PT já estava com linhas traçadas. Uma convenção do partido já definiria o vencedor no estado, isso era certo. Tudo sofreu um revés, Serra foi informado de que uma pesquisa feita no estado apontou como sua vitória certa. O prefeito de São Paulo, apesar de ter prometido que ficaria até o final de seu mandato, deve renunciar até sexta, prazo final.

Ou seja, no âmbito nacional será Lula (PT) versus Alckmin (PSDB), e no Estado de São Paulo (Aluízio Mercadante ou Marta Suplicy) versus José Serra. Vale lembrar que Serra e Marta já se enfrentaram para o cargo de prefeito de São Paulo, e Marta defendia a sua reeleição. É dado como certo que os dois vão comparar o que fizeram em seus mandatos na capital. Vai ser um: "Não, eu fiz!". "Não, fui eu, olho-de-peixe!"

Ficou semi-acertado também no encontro do tucanato que o Senado Federal deveria receber um senador tucano de peso. O melhor ficou para o final, a possível candidatura de Fernando Henrique Cardoso ao Senado Federal por São Paulo, o retorno da múmia.




Fichando políticos: Luiz Antônio Fleury Filho (PTB-SP)


Pretendo iniciar uma análise de alguns políticos. Deverão passar por aqui a Senadora-elefanta percussora da dança da pizza, o pequeno ACM, entre outros.

O político de hoje é candidato à reeleição à Câmara Federal por São Paulo, Fleury Filho. O nobre deputado veio dar duas aulas magnas na FUNDAÇÃO, onde estudo. A sua entrada foi vaiada por alguns e aplaudida por outros. A aula foi recheada de gráficos onde "o Fleury" (como gosta de ser chamado) mostrava que quando fora governador (por quatro anos) as taxas de criminalidade eram baixas e de que no Governo Covas-Alckmin (de atuais 12 anos), elas só subiram.

As perguntas eram tantas que houve sorteio. Já que minha sorte é pífia, não fui sorteado. Só me restou fazer a nobre pergunta ao nobre deputado quando o mesmo descesse do púpito. Isso ocorreu duas horas e dezenas de perguntas depois. Eu, com minha formalidade, falava enquanto ele autografava meu Código Penal: "Deputado, o que o senhor achou da absolvição do Coronel Ubiratan?" Ele fixou os olhos no que escrevia e respondeu: "Hum, achei correto. Foi um erro da justiça!". Eu estava chegando aonde queria chegar: "Deputado, o que o senhor acha da desativação do Caran...". Enquanto chegava ao final da minha pergunta, o nobre deputado devolveu-me o Código e virou-se bruscamente em direção à saída. Ou olhei para o autógrafo e fiquei pensando se essa era a mesma letra que autorizou o assassinato de 111 presos no Carandiru. Motivo pelo qual o nobre deputado nunca mais voltou ao Palácio dos Bandeirantes, sede do Governo Estadual.

PS: se tiver uma boa visão verá que o Deputado Estadual Coronel Ubiratan (o executor) e "o Fleury" (como ele gosta de ser chamado novamente) estão na mesma foto tirada há alguns dias em Bauru.

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FICHA

Luiz Antônio Fleury Filho PTB-SP

Cargo: Deputado Federal

Padrinho político: Orestes Quércia

Histórico político: Governador de São Paulo (1991-1994) pelo PMDB. Deputado Federal (1999 - 2003), reeleito (2003 - ) pelo PTB

Realizações: Autorizou a invasão ao presídio do Carandiru (1993), defensor do NÃO no referendum das armas (2005), defensor do término do voto secreto no Senado e na Câmara (2006).

Posição no Ranking do site http://picaretas.br101.org/: O quarto mais picareta.

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E boa sorte ao astronauta brasileiro, o orgulho de Bauru!

quarta-feira, março 22, 2006

O fim é só o começo ao contrário

















    Talvez, um dia, alguém explique estas coisas. Por que a gente sente raiva quando o amor termina, qualquer um sabe. Talvez, repito, um dia alguém explique porque a gente não consegue esquecer as pessoas.
    Como poeta ruim, às vezes eu choro em versos, para não borrar a maquilagem. Quando as espinhas, de nervoso, aparecem em mim, eu sonho com um mundo em que a catarse do sentir seria pelas palavras, ou, sendo mais abrangente, pela arte. A incerteza não mais me faria roer as unhas, a barriga tremer ou morder os lábios. Apenas um indolor parágrafo.
    Já tentei; sem sucesso, porém. Eu brigo com as palavras e choro junto nas músicas. A tua imagem não se dissolve em lágrimas, não se dissolve em versos, não se dissolve em nada. Agora eu lembro daquela regra na química, que diz que semelhante dilui semelhante, mas o próximo amor nunca está à porta quando a gente precisa, não é?
    Ontem doeu bastante. Doeu repetidas vezes, quando o computador perguntava, em todos os lugares que tu já havia estado, se eu queria mesmo te esquecer. Eu respondia que sim, repetidas vezes, porque sabia que te iria procurar por outros meios.

A vida me perguntava. Em todos os lugares. E eu dizia que sim. Que sim. Que sim. Que sim...

    Aquele derradeiro verso. O verso último que ousa o esquecimento: adeus. Não, ele não funciona.

Nada funciona.

domingo, março 19, 2006

Natasha, antes de ir, nos deixou um texto e uma foto

Eu, perfeitamente trajada, deixando flores ao meu pai, um dos bravos comandantes da URSS e ex-amante de minha mãe a "Grande Rússia".

Quem escreve algo, um dia acaba fazendo seu poeminha rimando amor com dor. Shakespeare fez o dele logo cedo, assim que começou a sentir. Borba o fez assim que aprendeu a escrever. Agora, com 18 aninhos incompetentes, eu entro pra turma:

Quem sabe se eu for cantor?

Quem sabe se eu for, amor

Cantar e poder sentir dor

Canta e Cantar e Doer

Cantar e poder sentir dor

Cantar e cantar e correr

Pronto. Agora me sinto outro. Agora posso conversar com as velhinhas do ponto do ônibus como se fôssemos compadre e comadre desde sempre. Posso errar o pênalti e não ficar sem graça. Posso falar à moça da padaria que a amo. E ir embora. Por que agora sou Caio-que-já-escreveu-seu-poeminha-rimando-amor-e-dor. Ah, e não tem título.

Natasha (Caio)

quinta-feira, março 16, 2006

beijo beso bisou bacio kiss kuß poljub kyss kisu


Só podia ser agora.
Não?
Ô dúvida que permanecia, atrás do cerebelo, puxando os nervos centrais, me deixando descontrolado.
Finalmente, finalmente!
Finalmente...
Depois de tanto tempo tomando coragem, acho que agora ia. Até o dono da padaria da esquina já tinha notado, e falado naquele sotaque misturado de italiano que sempre morou no Brasil:
- Má moleque, se te faltam los cojones... vá lá e arrrrrebata a guria!
- Cojones, Seu Somma?
- É garoto, os bagos!
Era isso.
Não! Não as minhas gônadas...
Era o momento.
Afinal, ela vinha me dando sinais por todos esses dias. Toda manhã, ao me ver, ela vinha com aquele papo: “Sonhei contigo ontem, de novo!”. E todas aquelas coisas que ela falava? E os abraços, os apertos, as mãos dadas quando eu menos esperava? E a falta que ela demonstrava quando eu não estava perto? Afinal o que era isso?
E eu já não agüentava mais.
Se não fosse o meu complexo quando o assunto era garotas, especificamente, já teria tomado uma atitude. Qualquer um em meu lugar teria tomado. Todos os meus amigos já vinham há dias me escrevendo um livro de dicas: "Espante o medo!". Muito útil na teoria. Não conseguia lembrar de nada daquilo agora...
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E a cena ficou lenta.
Eu não conseguia pensar em nada.
Tremor.
Tentei o beijo.
Um desvio.
Um sorriso sem graça.
Outro.
O ar pesado.
Que calor!
Tentava de novo?
...
É, realmente me faltavam “los cojones”.
Borba

domingo, março 12, 2006

Femmes Fatales



Dia 08 passado, foi Dia Internacional da Mulher, data consagrada a partir de protestos de mulheres nova-iorquinas por melhores condições de trabalho e melhores salários na indústria têxtil iniciados em 08 de março de 1857.

Desde então, mulheres recebem flores e elogios por estarem cada vez mais parecida com, hum, homens. E nesse jogo de falta de personalidade, a mulher "quer ser homem". Não é segredo o desejo de que a maior parte dos países do mundo fossem governados por mulheres. E elas viveriam no paz & amor uma com as outras?

Para melhor responder a essa pergunta, recorremos ao tempo e às mulheres ao longo dele.

Lucrécia Bórgia, essa sim, era uma mulher de poder e, digamos, libido apurada. Mantinha relação incestuosa com o pai, o futuro Papa Alexandre VI e relações não menos incestuosas com seus dois irmãos Giovanni e César, o que mais tarde ocasionou em um fratricídio (Giovanni degolado no rio Tibre por César). Lucrécia não era só isso, chamada de a mais bela de toda a Itália do início do século XVI, ela se casou com dois nobres e, novamente, por ciúmes, César os matou. Diz a má-língua da época — Filofila, O Difamador que Lucrécia possuia veneno nos punhos e ela mesmo os matava, Filofila ficou famoso por ter dito que: "A filha do papa adora copular. Pode ser com seu irmão, pai, poeta, cachorro, bode, ou até um macaco" . Filofila deveria ser excomungado e defenestrado quando Lucrécia se tornou Papisa (feminino de Papa), por um curto período e sentiu o gosto do poder.

Falando em poder, no recente período que as mulheres o obtiveram, fizeram bom proveito. Margaret Tatcher, na década de 1980, ficou puta da vida e não hesitou em diplomacia ao mandar tropas britânicas às Ilhas Falkland para retirar os benditos argentinos que dali tomaram posse. Madeleine Albright, a gentil senhora da foto acima ao lado de uma feminista (this is what a feminist looks like) em uma passeata, que foi Secretária de Estado Americano, adorava brincar de pega-Saddam, lembro-me de que quando pequeno tinha medo que ela brincasse de pega-Saddam no Brasil (os boatos do mapa do Brasil com metade dele pertencente à "Zona Internacional" eram muito grandes).

Ah, mas não se pode falar de mulher sem falar de beleza. Margaret Tatcher, agora uma senhora de 80 anos, veterana em métodos de beleza, principalmente para seu cabelo, foi convidada recentente a uma recepção em sua homenagem, chegando ao local, para tirar um sarro de si própria disse que quando estava indo à tal recepção viu um cartaz escrito "O Retorno da Múmia" e ela pensou, será que sou eu?

E os faraós — antes de virarem múmias — embelezaram e dominaram o mundo. Nada que uma mulher de laquê nos tempos modernos não queira fazer.

Filipux (reações adversas são esperadas)

domingo, março 05, 2006

Um espaço diferente...


E aí sempre existe a dificuldade de escrever algo bom.
Bom não, porque bom é um adjetivo que corre rápido, e nesses dias quentes e turvos, com o sol batendo na fronte e o pavimento derretendo na sola do sapato, fica difícil alcançá-lo.
Convincente.
Convincente caberia melhor na frase (como uma esguia dama envolta em um vestidinho-preto-decotado-cheirando-a-prazer), afinal, a quem você quer enganar?
Você não sabe escrever como García Márquez.
Você não sabe compor como Chico Buarque.
Ou sabe?
Não, não sabe.
Eles são bons no que fazem. Não precisam da confirmação de mais ninguém, nem deles mesmos. Não existe mais necessidade de afirmação, nem auto-afirmação.
Você não tem o ritmo de um repentista sertanejo; você não leva jeito para amarrar sua prosa; você não sabe dedilhar os arcodes finos nem as aranhas, apenas o básico dó-ré-mi-fá-sol-lá-si-dó; não sabe fotografar o preto-e-branco das feições, nem o colorido das flores.
Você não sabe fazer mosaicos. Sabe apenas colar peças.
Você não é bonito. Não é forte. Não tem dinheiro. Não satisfaz sua garota no sexo, o que dirá no amor.

Então você os engana.

Engana os amigos, os pais, a namorada.
As donas-de-casa.
Engana a você.
Engana e se contenta a ser apenas convincente. Um adjetivo manco, que não tem mais fôlego pra correr, e ainda esconde atrás do T o comodismo.
Você só tem que os convencer de que alguma coisa de bom você sabe fazer.
Então você pelo menos admite. Tira essa faixa de rei a rasgo, lava esse banho de ouro na água da chuva, murcha o peito de ar e fala que é real.
Alguns não vão entender, e falar que o que tu queres, na verdade, são confetes por cima da carapuça. Que tu és um falso modesto.
Mas aí tu os manda às favas. Comam capim!
“Encontrem-me fora dessa faixa temporal e espacial na qual vivemos! - é o que tu responde - Lá só o real existe, o puro, a essência. Lá eu vou estar sozinho. Lá vocês vão me entender; e como eu me sinto; e como eu me comporto; e por que."
Borba

quarta-feira, março 01, 2006

Como Augusta de São Paulo


Indo a São Paulo e tendo bom-gosto, há de se passar pela Rua Augusta (faixa preta). Além de ligar o Centro (Catedral da Sé - ponto vermelho) à Avenida Paulista (faixa vermelha), a rua Augusta reúne em um espaço relativamente pequeno em relação à imensa metrópole o que há de melhor. A cada 100 metros, mais ou menos, há uma prostituta diferente para agradar tanto aos grandes empresários da Paulista quanto aos habitantes solitários do Centro. E as prostitutas da Augusta são realmente de alto nível (por tanto cobram alto), a maioria se veste bem e, hum, têm suas coxas torneadas à mostra.

Os locais que têm como endereço a rua Augusta ou os arredores são bingos (que dão um certo ar de Las Vegas), casas de prostituição (que fazem os olhos doerem de tão chamativas), e as boates: a Outs - ponto branco no meio da faixa preta (reduto de darks estilosos) é um local onde Supla se sentiria bem fazendo um show (e ele o fará em breve). A FunHouse tem um jukebox onde -- como era o único que sabia mexer -- comandei, como um DJ, que não se abala com opiniões musicais alheias, as músicas que tocavam. No térreo tem um bar e uma pista onde um DJ (esse de verdade) abusa de seu bom-gosto que vai desde The Strokes à Vive la Fête. Tu não quer aproveitar das prostitutas e das duas dicas de boate que eu dispus ou és gay? Alôka! - ponto rosa.

Aperte na foto para vê-la maior.

Filipux