segunda-feira, dezembro 31, 2007

Do Natal

25 de dezembro, meia-noite pra lá das madrugadas, toca o celular:

- Alô?
- Meu amôôôôr!

Voz de mulher, embriagada. Desconcertei.

- Erh... quem é?
- Natanael? Sou eu, seu porra!
- Hum, desculpa, mas eu acho que você ligou errado.
- Natanael?
- Não, não.
- Ô meu Deus. Me desculpe viu meu querido, acho que foi engano.
- É, tudo bem. Pensei um pouco, e emendei esboçando um sorriso: Feliz Natal pra você, de qualquer forma.
- Ah querido, obrigada. Feliz Natal pra você também, meu amôôôôr, - respondeu ela, efusiva – e fala pro porra do Natanael me ligar amanhã de tarde, ta bom?

E desligou.

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Pequeno texto em 5 partes sobre 6 garotas que me fascinam

Parte 4

A quarta é de um tipo que não poderia faltar: a alternativa.
Dentre todas as seis garotas, talvez seja ela quem eu realmente ache mais linda. Ou talvez seja a sexta garota. De toda forma, ela é linda, e não há como negar.
Faz muito tempo que eu a vi pela primeira vez. Tanto tempo que nem mesmo lembro quando foi. Mas com certeza foi ela quem me chamou mais atenção, logo num primeiro olhar: pele alva, cabelos tão pretos que faziam um contraste tão forte com a pele do rosto - de bochechas tão rosadas – estatura mediana, corpo firme, mas macio, sinuoso, óculos de aros fortes e vermelhos, camiseta branca e uma bolsa da adidas.
E tatuagens.
Tatuagens por boa parte do seu corpo que estava visível. Um sol japonês e mais detalhes colorindo um braço, uma carpa em outro, duas nas costas, na altura dos ombros e acima da bunda, outra escapando pela calça, apontando para o seio esquerdo. Diferente beleza de uma pessoa com marcas tão fortes por um corpo tão sensível que parecia pertencer a alguém tão delicada. Talvez até houvesse mais.
Eu sempre gostei de tatuagens, mas, quando muitas, as achava exageradas. Essa idéia sempre foi generalizada, até ver essa moça: as artes formavam um conjunto magnífico no seu corpo, como se cada uma se completasse com a outra, e todas completassem sua beleza, em desenhos se movimentando pela sua derme branca.
Ela mora aqui pelo bairro, já a vi comprando pastel na praça. Usava uma bermuda e pude assim perceber outro desenho na batata da perna. Perdi contato quando ela sumiu do meu ponto. Esqueci dela, e lembrei novamente quando, sentado ao lado da janela, percebi que ela esta pegando ônibus um ponto após o meu.
Dia desses, pensando justamente e fixamente lembrando dela, me surpreendi quando a vi entrando no ônibus. Não sei o que ela viu em mim, mas ficou me olhando. Talvez tenha me encarado, porquanto eu não desgrudava os olhos dos dela. Ela sentou, olhou pra trás, e eu continuava olhando-a.
Foi então que ela levantou, e ainda com os olhos fixos, veio andando em minha direção. Eu estava ao fundo do ônibus com mais duas pessoas, que nesse momento devem ter ouvido as retumbadas do meu coração. Eu gelei, mas em momento algum desviei os olhos dos dela. Ela parou, sentou dois bancos à minha frente, e lá ficou.
E eu fiquei o resto da viagem e do dia pensando. E até hoje eu gosto de imaginar que outras coisas poderiam ter acontecido se ela sentasse do meu lado.

terça-feira, novembro 06, 2007

Pequeno texto em 5 partes sobre 6 garotas que me fascinam

Parte 3

A terceira é necessária. Claro, não são só as poéticas que me chamam a atenção.
A terceira, ao contrário das outras, é volumosa, gostosa. A terceira é quase pornográfica.
Em um período de 3 meses, por todos os dias da semana, eu pegava o mesmo ônibus que ela. Não lembro de ter sentido o mesmo cheiro nela duas vezes sequer, quando - aproveitando os solavancos que a nossa cidade proporciona – quase esbarrava nela.
Morena, cabelos encaracolados enormes e cheios, um bracelete apertando a carne do braço, que vez ou outra ela mudava de posição deixando uma marca, a pele cuidada, as coxas grossas apertadas dentro de um jeans ou um vestido. Nela eu nunca precisei de um olhar dissimulado, até porque ninguém disfarçava. Dos homens que passavam em carros na rua, por vendedores de bala esperando uma oportunidade de entrar num coletivo, até os motoristas e cobradores dos mesmos. Ela não escapava de ninguém.
Ou melhor, ninguém escapava dela.
Digo isso porque era perceptível o quanto ela gostava de ser olhada. Seus movimentos, seus passos, o aroma carnal que exalava dela.
Além da beleza, o que me deixava intrigado era o fato dela desviar o olhar calmamente toda vez que meus olhos cruzavam os dela. Ela me olhava com bastante freqüência até, não sei se por me achar estranho ou algo do tipo. Gosto de pensar que ela me via como aqueles garotos bicho-do-mato, que ela, experiente e forte, poria no colo e ensinaria alguns truques e traquejos buliçosos.

sábado, outubro 27, 2007

Pequeno texto em 5 partes sobre 6 garotas que me fascinam

Parte 2

- Cinco partes sobre seis garotas? Alguém se perguntou.
É que duas das meninas que me fascinam são amigas, e sempre as vejo juntas.
Geralmente quando chego ao meu ponto uma delas já está lá, esperando a outra. Ela é a mais nervosa, usa óculos com armação pesada, lentes escurecidas, mas não completamente pretas. Está sempre com os cabelos molhados e o jeito inquieto de quem está esperando por alguém. Tenho a impressão de que ela só fica tranqüila quando sua amiga chega.
Sua amiga é engraçada, tem uma franja enorme, preta, cobrindo os olhos. É vaidosa, cuidadosamente arrumada, enquanto a primeira é mais largada, usa calças folgadas e um tênis batido. Aparentam ter 16 anos, e estudam na mesma escola (conclusão tirada a partir do uniforme que elas sempre vestem).
Eu as acho muito divertidas em suas conversas e gesticulações. Elas gesticulam muito. A vaidosa sempre falando de algum garoto diferente, a nervosa sempre achando defeitos no tal garoto. Eu as observo bastante, e acho que por isso elas sempre me olham também, rindo envergonhadas.
Elas pegam o Barra – 3, e sempre ficam me olhando disfarçadamente assim que entram no ônibus, por detrás do cobrador, até se perderem no caminho. Não sei o que elas pensam, se me acham um daqueles tarados, um daqueles bonitos ou um desequilibrado. Gosto de pensar que elas me acham um daqueles idiotas. Talvez eu seja isso mesmo, afinal.

domingo, outubro 21, 2007

Pequeno texto em 5 partes sobre 6 garotas que me fascinam

A primeira é bem recente, ainda lembro da primeira vez que a vi.
Ela mancava, mal andando com a ajuda de uma muleta. Parecia ter acabado de sair de uma cirurgia ou algo do tipo. Gosto de imaginar que ela está indo à fisioterapia.
Vinha vagarosa, com um homem ao lado que parecia seu marido ou namorado, segurando o braço dela com o máximo de carinho e prazer. Eu vinha, passava por eles, olhava sorrindo por dentro, adiantava meu passo, chegava ao ponto. Pouco tempo depois eles chegavam, ficavam logo atrás de mim. Conversando. Rindo. Namorando.
Ela é linda. Andava sempre com sorrisos no rosto, cabelos ao vento. Quando o ônibus dela chegava primeiro que o meu eu podia reparar no seu cuidado e fragilidade. Sentava à frente, falava com o motorista, saudava o cobrador, lá atrás, que de lá mesmo sempre retribuía.
Há pouco mais de uma semana pude perceber que ela não sorria mais. Estranhei. Ela nem parecia mais tão bonita quanto antes, mas ainda assim era bela em sua melancolia. Quando adentrava o ônibus não falava mais com o motorista, tão pouco cumprimentava o cobrador. Tentei reparar se estava havendo alguma piora em sua perna, talvez isso estivesse tirando o humor dela. Foi quando me dei conta de que ela não mais ficava em pé, atrás de mim, sorridente, mas sim à minha frente, sentada, cansada. E o homem - que sempre vinha com ela ao braço com tanto mimo - não mais estava lá.

domingo, outubro 07, 2007

Das promessas cumpridas

Borba diz:
e aproveita pra atualizar o blogue.

Alfaia diz:
ok.

sexta-feira, setembro 28, 2007

Ela é tão

Hoje revi um amigo que não via há tempos. Saudades dos velhos tempos.
E conversávamos sobre o passado, e essas coisas, nos achando velhos e mudados demais.
Comecei a beber, comecei a fumar, experimentei drogas diversas. Assim como ele.
Deu saudades do dia que achei que um garoto com olhos vermelhos havia exagerado na natação.
Coisas internas, quebradas. Naquela época nos achávamos adultos. Hoje vemos o quando éramos garotos. Punhetinhas. Acho que daqui a um tempo vou achar o mesmo de mim, hoje.
Cheguei em casa, amassei um limão com o resto de cachaça da noite anterior.
Desci, fumei um cigarro. Andei um pouco, lento. Passei na esquina. Garotos fumando maconha, cheiro de erva.
Pensei no tempo, passando o tempo. Passando rápido ao redor de mim.
O que eu estou fazendo?

Ontem eu vi um homem ser brutalmente atropelado e morrer na minha frente. Tive problemas ao dormir, pensando em suas pernas quebradas em volta do corpo, fechado como um pacote.
O pai do meu amigo morreu semana passada. Ele estava cansado, como meu amigo repetiu algumas vezes.
Eu estou cansado.

domingo, setembro 09, 2007

Afazeres

- Lavar os tênis.
- Dar uma geral no quarto.
- Fazer a logo que Jessica pediu.
- Estudar pra prova de Gileá.
- Digitar e enxertar o trabalho de mídia.
- Começar o layout do site do O*.
- Atualizar o site bvi.
- Organizar o pc.
- Baixar as fotos de ontem e mandar pra galera.
- Cancelar a conta do celular.
- Checar os emails.
...

(Nota mental: principalmente em feriados com propensão a domingos cinzas, chuvosos e soníferos, não deixar tudo pra última hora. Grato).

sexta-feira, agosto 31, 2007

Camisinha de força

- Tem camisinha aí?
- Quê?!
- Camisinha...
- Camisinha, camisinha?
- É, camisinha.
- Tenho, ué!

Minha mãe parece moderna às vezes me pedindo uma camisinha.

- Ô, meu filho, então empreste uma aqui pra sua mãe que eu preciso fazer um exame.

Só me parece.

Até eu provar que o moderno aqui sou eu.

- Menta, uva ou morango?

sexta-feira, agosto 17, 2007

E quem saberá?

- Você acredita que o amor possa ser eterno?
- Acredito que o amor verdadeiro é eterno. É como a união entre siameses. Mesmo que um cirurgião os separe, ou que um deles morra, no sobrevivente a parte do corpo que o unia ao outro vai doer para sempre.
- E o que acontece quando duas pessoas se separam de comum acordo?
- Ninguém se separa. As pessoas se abandonam.

Castalia

--

Faz sentido, afinal.

E como diferenciar o amor verdadeiro do não verdadeiro?
Sempre perguntei isso ao meu pai, mas ele nunca me respondeu com precisão. Costumava dizer:
- Você sentirá, quando for. Saberá.
Ele tinha dessas manias de responder minhas perguntas me deixando com outras mais na cabeça.
No fundo, só acho que tantas pessoas se enganam. Não?
Às vezes tão tolamente apaixonadas que pensam ser e estar sentindo um verdadeiro amor. Esses se machucam antes, se arrependem depois.
Às vezes tão tolamente orgulhosas que não se dão conta do que sentem, preferindo fingir que não. Esses se arrependem antes, se machucam depois.

domingo, julho 29, 2007

Ouviu-se falar...

que o Borba é um cara engraçado.
É o que andam dizendo por aí - um verdadeiro palhaço.

Eu, que o conheço bem, bem sei que ele não deve gostar nada nada disso.

Também, nada deve deixar alguém mais puto do que confundirem seu sarcasmo com graça.

segunda-feira, julho 16, 2007

Férias

Deveriam servir pra alguma coisa. Um tempo de reflexão? Um descanso? Dormir um pouco mais?
Eu aproveito pra trabalhar mais, e acabo atropelando os planos disso e daquilo que vinha cuidadosamente fazendo durante o início do semestre.
- Tem razão, mas calma, que nas férias a gente termina isso aí. Ou:
- Pultes cara, é mesmo. Mas em julho, quando eu tiver mais folgado, a gente dá andamento a esse projeto...
E assim vão seguindo sucessivamente as desculpas, e eu sempre adiando tudo pro atolado meio do ano.
Pior que já sei que vou aproveitar minhas férias pra dobrar os turnos no estágio, então não deveria nem ir pensando em outras coisas, certo?
Errado.
E isso traz como conseqüência uma coisa chata: a mania de começar a fazer um monte de coisas e não conseguir termin

sábado, julho 07, 2007

Dois anos de Genebra



Entrevista (quase) exclusiva com o pessoal do Genebra. Confira!

É uma dúvida de todos o porquê da escolha desse nome.
Na verdade, esse nome emplacou simplesmente pela sonoridade. Não tem nenhum vínculo religioso, nem parceria com umbandas, muito menos uma mensagem subliminar embutida. Ficou esse nome porque soa diferente dos que costumávamos ver, aparentando criatividade, originalidade, sei lá...

Quem são essas putas do Genebra?
Ao longo desses dois anos, o Genebra - que não é uma banda - já teve quatro formações: Filipe, Mateus e Renan; Filipe, Mateus, Renan e Thiago; Filipe, Mateus, Renan, Thiago e Caio; e, finalmente, a atual: Mateus e Renan. E mesmo com uma enorme vontade de que Genebra tenha uma história interessante, com rapazes interessantes, essa questão é totalmente desnecessária, e para que ela não se torne mais inconveniente, terminemos ela por aqui mesmo.

Ok. Vocês do Genebra se conheciam antes de tocar o negócio?
Que negócio?

Esse blogue, oras!
Ah, sim! Então, nós (Caio, Filipe, Mateus e Renan) estudamos juntos por uns quatro anos em Porto Velho. Até que cada um seguiu seu caminho por um estado brasileiro diferente. Depois surgiu o Thiago, que é um amigo do Filipe, e convidamos pra entrar no blogue.

Vocês são homossexuais?
Próxima.

Qual é o objetivo de vocês?
Se existe alguma razão para a criação deste espaço chamado Genebra, ela seria a seguinte: colocar em prática um jogo macabro e perverso que se baseasse na originalidade que achávamos ter. Não deu certo. Não puramente pela falta de originalidade, mas pela conseqüência de não conseguirmos transformar o Genebra na única coisa que ele deveria ser: o tal jogo. Se não conseguimos convencer as grandes multidões, pelo menos convencemos a nós mesmos de que lidar com a palavra - mesmo que de forma aparentemente despretensiosa - é um ofício dos mais desagradáveis e desgastantes.

Que bonito...
Valeu...

Essa atual formação aparenta uma certa sintonia, vocês têm estilos parecidos, falam sobre o cotidiano de forma fluida, agradável, até recebem elogios. O Genebra pode, então, ser considerado uma base para um projeto maior, consolidado, um site próprio, um portal na internet, um livro talvez?
Possivelmente nos encontramos num grande paradoxo. No início do blogue, pretensiosos por demais, pensávamos, sim, na possibilidade de um livro. Mas nossa escrita era recheada de incoerência, contradições... Hoje, somos modestos o suficiente pra dizer que ela melhorou, está mais agradável mesmo, mas, em compensação, a única coisa que temos em mente é melhorar o visual deste blogue aqui mesmo, uma estilizada, até porque esse negócio de literatura é pra doido...

Falando em escrever, vocês já leram alguma coisa que preste?
Acreditamos que bem mais que você, idiota!

Como o quê, por exemplo?
Próxima.

O que toca na vitrola, quer dizer, no êmepêtrês (risos) de vocês?
Música boa, sem rótulos.

Como o quê, por ex...
Porra, esse cara não cansa não?!

Vocês aparentam inteligência, simpatia...
Obrigado...

Calma, deixem eu terminar de falar, porra!
Desculpa, aí, bichona!

Então... Mas vocês parecem certinhos demais pra umas putas. Vocês já saíram de casa alguma vez que não fosse com o pai do lado?
Mano, nós tomamos até cerveja no bar sozinhos, valeu?

Que gracinha...
Tá. Ok.
Nós somos undergrounds, nosso lema é ‘sexo-drogas-e-ronquerrol’, beleza?

Imagino... Muito bem, meninos, vamos pra nossa parte final da entrevista. Um desejo?
Nos livrarmos logo disso.

Palavras que marcaram?
Utopia, nostalgia, pedantismo (risos).

Uma paixão?
Que isso, porra? Orkut, é? Dá logo os parabéns pro Genebra e pronto!

Parabéns, Genebra!!
Valeu, cara. Desliga logo esse microfone e vamos ali tomar uma pra espairecer.

quinta-feira, julho 05, 2007

O que você faria com cinqüenta mil reais?

- Ah... eu pagaria minhas contas.

Pessoas passam. Microfone na mão de um entrevistador sedento por vender a sorte.

- E o resto?!
- Bem, o resto eu pago quando puder.

quarta-feira, junho 27, 2007

Final de semestre é foda

Não dá nem pra atualizar o blogue...

sexta-feira, junho 22, 2007

Meu caro amigo Alfaia

Como há tanto não te vejo pelos corredores da internet, resolvi lhe escrever.

Me perdoe por favor se não lhe faço uma visita, mas é que tu bem sabes o preço da passagem aérea, ainda mais em alta temporada como estamos. E como agora me lembrei de tal maneira deste blogue, acho que vem a calhar mandar notícias por aqui.

Aqui na Bahia tão jogando futebol. O meu Vitória perdeu este último jogo do Ituano, dizem que com um pênalti descarado aos 45 da segunda etapa. Depois ainda houve outro gol, mas aí já não fazia diferença.

Entrega de trabalho de final de semestre somado à entrega de trabalho do escritório por início de Feirão, e eu até me surpreendo. Só mesmo com muita mutreta pra levar a situação, como sempre. Tirei 10 em um, fui promovido no outro. Aliás, de uma coisa que não sei se tu sabes é que fui promovido. É, estagiário nível 2. É, nível 2, camarada. No fundo nada mais do que um importante aumento de salário e o reconhecimento por um trabalho bem feito. É assim levando com uma cachaça e um cigarro, porque se não for assim, quem segura esse rojão?

O róquenrról continua o mesmo. Escutando algumas novas coisas boas, que assim que puder eu te passo. As rodas continuam acesas, as mesas continuam cheias e a cena continua ativa. Eu que tenho me afastado um pouco desses lados, ando cansado, sabe?

Pois saiba até que eu quis te telefonar, mas a tarifa não tem graça. Lembrei de um meio pra poder te informar, te deixar a par do que se passa. E tudo bem que até tentei te escrever, mas tu bem sabes da preguiça. Lembrei de um meio pra tentar te remeter do que acontece em minha vida.

Aqui nuns dias somente bate sol. Aquele calor retado alavancado na testa e o suor pingando. Mas eu não reclamo, eu lembro que da onde eu vim é bem pior. Só não digo mais porque sei que por aí uns dias chove, outros também.

De mais a mais a coisa aqui está bem branda.
Minha mãe, que está aqui, volta à terrinha por amanhã, e ontem foi aniversário de Mariana.
Mande lembranças à tua Rê, e vê se aparece mais no msn.
Pra ti um até.
E a todo o pessoal,

adeus.

quarta-feira, maio 23, 2007

...

reticências imperam em meus escritos.

Será que sou assim..., tão... vago?
Nem isso eu sei.

quarta-feira, maio 16, 2007

Tudo sobre mi madre

Boa noite, filho.

Faz dois dias que não te vejo, já estou com saudade...

Tem car carne, arroz e macarrão na geladeira. Se eu estiver dormindo quando você chegar, saiba que não é por despropósito, mas é que a mãe acorda muito cedo!

Nos vemos no sábado! hahaha!


Te amo.
Um beijo.
[desculpe a troca de cores, mas é que a caneta falhou... hahaha!]
-
Domingo, minha mãe e eu vamos fazer um concurso público. Ela, talvez, pra mudar de vida, eu, quem sabe, pra mudar a vida.

Desejem-nos sorte. Boa noite e boa sorte.

quarta-feira, maio 09, 2007

Macaco

Não tem viv'alma que more e/ou ande pelas quebradas da Boca do Rio que não conheça tal figura. Metade nem sabe mesmo qual é o nome dele. Eu mesmo nunca soube. Pra todo mundo ele é apenas o Macaco.
Minha vó fala o nome verdadeiro dele de vez em quando - conhece ele desde pequeno - mas eu nunca lembro.
Me lembro de uma época que estava na moda falar gírias em inglês, por causa de uma novela global que se passava no Nordeste. Por um tempo chamaram ele de Monkey, mas essa não colou.
As primeiras lembranças que eu tenho dele são de quando eu tinha uns 8 anos. Todo fim de ano passando as férias na casa da avó, sempre via aquele homem negro-brilhante, sempre sem camisa, sempre usando uma calça surrada e imunda, puxando de uma perna, de um lado pro outro.
Ele é o típico faz-tudo.
Tá precisando reformar o portão, chama o Macaco.
Tá precisando consertar o telhado, chama o Macaco.
Tá precisando pintar a parede, chama o Macaco.
Sempre assim, solícito, ajudando e sendo ajudado, cobrando baratinho.
Eu cresci, envelheci, fui, voltei, hoje estou aqui. Mas ele parece ter as mesmas feições e os mesmos músculos fortes de sempre, carregando sacos de cimento de lá pra cá.
Sempre que eu passo ele solta um grito abafado e quase inaudível - Éééérico!
Não sei ao certo porque ele me chama assim, já que Érico não é o meu nome. Não que eu saiba. Talvez pelo fato do meu irmão se chamar Eric? Será que ele acha que somos gêmeos, e por isso nossos nomes são parecidos, e assim ele simplesmente quer me chamar de Érico? Não sei. Fato é que eu nunca o corrigi, e nunca vou. Deixa o Macaco.
Certo dia, voltando do trabalho, rua cheia, garotos jogando bola, senhoras conversando à porta de casa, ele me grita:
- Ô Érico, se você tivesse uma passagem, agora, você ia pro rio?
Eu pensei um pouco. Todo mundo parou pra ouvir. Eu sabia que ali tinha alguma.
- Ia. Porque?
Ele começou a rir, engasgou e quase não conseguiu largar a resposta.
- Leva uma muda de roupa suja minha pra lavar, certo?
Foi até sem graça, mas todo mundo rio tanto. Eu ri tanto.
Tudo bem, 1x0. Deixa o Macaco.
Mas Macaco não gosta só de trabalhar com a testa ao sol não. Nos fins de semana ele gosta de sair, tomar as suas, pegar suas "negas". Não sei quantas vezes ele já me prometeu levar num brega no Alto do Cabrito. Segundo ele, coisa de nível. Alta classe. - Bóra Érico, que tu vai gostar. - Ô! É só me chamar quando você estiver indo...
Ele nunca apareceu aqui na porta pra me chamar. Ainda bem. Sei lá né, deixa o Macaco.
Num desses bregas, colocaram drogas na cerveja do Macaco. Daquelas que os covardes põem na bebida das meninas, elam dormem, e eles fazem a festa. Só que ao invés do Macaco dormir, ele ficou foi doido. Teve uns surtos e saiu quebrando tudo. O dono do lugar, sem entender nada, e com medo daquela montanha de músculos negros e pesados, chamou a polícia.
Negro e pobre, é fácil imaginar o que aconteceu com ele. Minha vó ainda conta que se a irmã não tivesse ido no outro dia buscá-lo, ele teria morrido lá. Além da humilhação, a sequela: até hoje ele anda puxando a perna esquerda. Perdeu um nervo, e dizem que ficou mais maluco quando saiu do hospital.
Descobriram quem tinha colocado a droga na cerveja do Macaco, e uns caras de uma facção daqui botaram ele pra dormir.
Dizem que ele ainda tentou se defender, dizendo que tinha sido só uma "brincadeira".
- Brincadeira?! Brincadeira?! Isso lá é brincadeira que se faça, porra?! - Eles perguntavam enquanto batiam no sujeito.
Não falei? Devia ter deixando o Macaco em paz.

domingo, abril 29, 2007

Grande angular



É que, tentando fugir do que eu considero um padrão para mim, simplesmente fazendo as mesmas coisas de outras formas, eu abro um pouco mais os cantos do meu horizonte limitado.
Eu passo a enxergar um pouco mais do céu azul.

Estou tentando começar a enxergar as coisas pela vista de uma grande angular.
Não é só o olho que fica mais aguçado. É a mente que se abre ao mundo externo.

sábado, abril 21, 2007

A jactância de um golpe de Estado e suas implicações na velha placa que fronteia um cabaré

Eis que do meio da esbórnia insurge o povo
inflamado pelos tiros de canhão ao céus.

, e estávamos nós a conversar e decidir sobre determinadas mudanças que deveriam ocorrer em Genebra. E somos assim mesmo, discutimos tais coisas mesmo que não seja época de eleição. Mudanças os transeuntes aqui presentes já puderam perceber: mudanças estéticas, não poéticas. Retórica nunca foi nosso forte, e só convencemos o eleitorado à base de dentaduras amarradas em promessas.

Faltava decidir, feitas as mudanças estéticas, quem teria a (des)honra de vir a público falar dos problemas da casa. Problemas mesmo, nenhum. Apenas abandono por parte de algumas garotas no meio da campanha. E a peteca pula de um pro outro feito batata quente, que ninguém gosta de segurar e queimar as mãos tão utilizadas em nosso muito honrado ofício. Foi aí que nos demos conta de uma coisa: ninguém precisava falar nada.

Há muito, qualquer um que freqüente mais assiduamente nosso famigerado bordel, mesmo que seja apenas pra sentar ao balcão e pedir uma gelada, pôde perceber que na placa que emoldura a nossa suja porta da frente não estava mais escrito 'genebra e as cinco prostitutas'.

Há muito, já havíamos percebido que a placa parecia maior, a casa estava maior, o espaço parecia sobrar; e não é porque investimos em terreno, cimento e tijolos. É porque há muito nessa casa, cinco significa dois.

E tudo que antes era pra cinco, a partir de hoje, acreditem, é somente pra dois.


Aos negligentes, por quem tanto lutamos.
Borba e Alfaia.

domingo, abril 15, 2007

Vá-te.

- Ah, peraí vai. Você... você é engraçado.

Essas eram as melhores palavras que ela conseguia usar para expressar o quanto eu era especial pra ela.

- Sou? - não me lembro das minhas feições naquele momento - Legal, caras engraçados a gente encontra aos montes por aí.

Essa era a minha forma de dizer a ela que ela tinha sido especial pra mim, mas não o era mais.

quinta-feira, abril 12, 2007

Procura-se.

A Luiza fala que o Mateus só precisa de uma menina madura, da mesma idade e que goste de compartilhar das mesmas coisas.
O Mateus não sabe.

Esses dias, durante uma conversa, tentando descobrir em qual fase psico-coracional (é, de coração) eu me encontro, chego a outra conclusão: nunca um quem sou eu do orkut disse tanto sobre mim. Eu, que já mudei e continuo mudando aquilo a cada semana, percebi que estou na fase do desapego.
É quando você não quer saber mais de nada, só se libertar daquilo que você acha ou achava essencial.

A Carol fala que ele só precisa de uma qualquer aí pra 'dar uns pegas, uma bem dada'.
O Mateus não sabe.

Isso implica, basicamente, em andar pelado pela casa, matar aula quando quiser, flertar com a amiga da irmã e deixar de fazer a barba. Ou fazer.
Mas o fato de, por esses dias, dormir recebendo os cafunés de uma amiga, me fez lembrar de como é bom ter alguém em quem pensar com carinho no tedioso caminho de volta pra casa, dentro do ônibus das 19h, com o vento gelado batendo no rosto e as luzes passando rápidas pelos olhos.

Aí, no fundo, o Mateus lembra de que nunca deixou nem vai deixar de ser um utópico romântico com cheiro de nostalgia. E mesmo se a barba bater no chão, ou a amiga da irmã der mole, ele vai continuar pensando que a menina dos sonhos dele gosta de Beatles.
Disso ele sabe.

quarta-feira, abril 04, 2007

Ser ou não ser

Eis o refrão!

segunda-feira, março 26, 2007

Tis, tu pac pac, tu pac tis

Foi aí que lembrei do que sempre me dizia meu velho pai: - No mundo há três coisas que não voltam jamais: a palavra falada, a flecha desferida e a idéia/tese - publicitária - e/ou - textual - e/ou reacionária - tida - em - uma - noite - qualquer - de - sono - e - que - você - teve - preguiça - de - levantar - e - anotá-la.

Depois disso ele fazia uma pausa, respirava e completava com aquela feição segura bem típica dele. E pronto, era o suficiente.

terça-feira, março 20, 2007

Tu pá, tiss, tiss, pá tu PÁ

E então eu acordei.
Acordei, claro. Afinal é o que se espera de alguém que um dia dorme.
Ou não.
Acordei e, logicamente, não lembrei lhufas nem bulhufas d'a idéia. Não lembrava nem que tinha tido a tal idéia, quanto mais dela (a idéia).

Pois bem.
Eis que no caminho da academia (justificativa: lesão dos meniscos. Nada de uma necessidade inexorável de ter um corpo bonito, sarado e gostoso, e sair por aí sem camisa e bronzeado aterrorizando as garotinhas. [putz, isso seria bom!]) eu me deparo com o pensamento de que na noite passada eu havia pensado n'a idéia, e que, - quão burro, esqueci dela!, pensei.

Tapa na testa.
Não sabe a inógbil criatura que nós, aspirantes a publicitários, devemos andar sempre com um caderninho, a anotar idéias e maluquices e imprópérios e qualquer coisa que brota à nossa volta?

(continua, mas já acaba)

sábado, março 17, 2007

Tu pá, tic tic, pá tu PÁ

Ontem eu dormi.
Bem até, como aliás tenho dormido. Muito bem.
E antes de dormir me deu "aquele" estalo. Não foi qualquer estalo. Não foi aquele estalo, nem aquele estalo. Muito menos "aquele" estalo. Foi "aquele" estalo. E no tal estalo me veio a idéia. Pensei em um puta texto, mano. Com certeza seria o maior e melhor e mais belo e mais bem escrito texto saído de minhas entranhas.
Aí eu dormi.
E... bem, esqueci d'a idéia.

(continua)

sábado, março 03, 2007

Timing

E tem aquele novo método de medir músicas, kilometros. Em média, na cidade, as minhas duram cerca de 1,2 deles. Sendo válido também o contrário, ah, daqui pro cinema tem umas quatro músicas.

Fone no ouvido, ônibus lotado; sete e meia da madrugada. E lá vai este mero narrador, lacônico, porém, nada pragmático, a partir pra faculdade que fica a umas nove músicas da sua casa.

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Cotidiano

Era assim, e assim mexia o corpo todo. E os quadris num movimento avantajado, jogado, esbanjando inocência, há muito perdida, aliás. E era lânguida, e bela, e escorria por entre os dedos, as pernas, os nós. Os seios firmes, as coxas grossas.
E ela estava simplesmente falando.

Eu achava que não, todos achavam que sim. Que os tais movimentos, pura insinuação corporal, eram só para mim.

Eu via isso para todos. Via isso nela o tempo todo, praticamente. Via o tempo todo aquele corpo se mexendo como um pedido ou mais que isso, uma súplica ao sexo.
E costumava pensar comigo mesmo - qualquer dia me canso só de olhar...

sábado, fevereiro 10, 2007

Não Há Perdão

É isso aí, gostei da bronca Alfaia. O putero tem que ser 24 horas/dia, 7 dias/semana. E puta que falta deve levar penalidade. E não venham com aquele tipo de desculpa.

A hemoglobina é importante: transporta oxigênio em nosso sangue. Pra fazer isso, ela precisa do ferro. O homem elimina cerca de 0,7 mg a 0,9 mg de ferro por dia. A mulher elimina mais, 0,85-1,1 mg/dia. E na menstruação isso sobe pra 1,25-1,4 mg/dia! É por isso que mulher deve levar ferro até nesses dias.

Soy Loco Por Ti Genebra!

quarta-feira, janeiro 31, 2007

Sobre a distância que um olhar não vê

Então eu decidi que seria naquele momento. E eu fui em sua direção e disse oi, nada mais peguei a sua mão e vi o espanto o sorriso o espanto sair dos seus dentes tão brancos a calçada os olhos os olhos que passam e já não vêem mais nada.

A calçada voando, quantos grãos de areia nós passamos até a sua casa não sei. Sei que seus dentes ainda tinham espanto e sua língua estava manchada de saliva grossa de espanto e seus olhos e seus músculos trêmulos e quente-frio de espanto grosso e seu hálito grosso e sua voz grossa e falha de espanto, trêmulo.

Nada mais, corpos, espanto, surpresa a cada toque de espanto e medo e descoberta. Quantas pintas negras tinham aquelas costas eu não sei não pude nem contar os pêlos brancos da sua barba loira nada mais porque o nosso silêncio nos apressava não sei por quê.

As nossas pernas, os nossos olhos e braços entrecruzados. Que era mais fácil cortá-los do que desembrenhar todos esses fios soltos que o tesão desarruma no meio da cama até o amanhecer queimar os nós com a brisa quente do sol.

E o dizer adeus.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Manifesto Bon-vivant

Guri magro — demasiado magro para sua grande estatura —, dedos também magros como os da irmã (que possui o epíteto de dedos de rã), olhos meio-japoneses ou meio-puxados (como seu colega ou ex-colega Remo disse uma vez) nascido no pobre Vale do Rio Acre, em Rio Branco, às beiras do córrego então fétido da Maternidade, onde uma tia sofreria de infecção hospitalar três anos depois. Dos amigos de seu pai, ele descobre que havia o desejo de criar um "intelectual" no estilo Paulo Francis (mas sem aquele falar todo especial) de seus progenitores. Aos seis anos, recebe de seu pai, um globo terrestre — contendo a já então extinta União Soviética — dentro do qual uma luz o ilumina e o faz sonhar com outros lugares. Ao longo dos anos, ele cresce rápido e idolatra seu pai. Na adolescência ele passa a contestá-lo, pois é natural da idade.
"O sonho com outros lugares", ele substitui lendo romances de escritores das mais variadas nacionalidades que o influenciam: lê Wilde para virar narcisista aos 17 anos; Nelson de Carvalho — para encarar a homossexualidade não só como desejo sexual por pinto, mas sim como desejo de ser amado por um semelhante com mesmo membro sexual — aos 18 anos; García Marquez para virar uma Puta (nosso epíteto, não me entenda mal) aos 19 anos; e Sade — para pensar em devassidão e sexo grupal — aos 20. Vai a Marília viver com a irmã aos 18 anos. Lá ele apronta das mais variadas coisas, surgem assim casos oficiais (que logo após serem cometidos são confessados) ou não-oficiais (que até agora pertencem ao anonimato).
Sua vida é atrasada nos últimos três anos graças a sua incompetência em agarriar uma nota suficiente para entrar no concorrido curso na universidade de seus sonhos onde há greves a cada semestre; e socialistas e chavistas (ou os dois juntos, no caso de seu amigo Márcio) todos os dias.
Por dois dos três anos, ele tem de se dedicar a aprender química, matemática, física e biologia e nesse meio tempo é convidado por um dos amigos de infância a participar de um blog. Na época, ele vivia aprontando oficialmente e não-oficialmente, não se preocupando com as matérias acima enumeradas. Fica sem tempo.
No mais longo dos períodos de sumiço, ele recebe seu diploma de francês, faz o seu terceiro vestibular e vai para o litoral com sua família. Lá, em uma praia, seu pai se espanta com sua demasiada magreza e oferece patrocínio para que ele se exercite em uma academia. Ele vai ao Rio de Janeiro e lá, conversando com uma amiga paulistana, lembra de uma citação de Paulo Francis — um dos intelectuais que seu pai esperava que ele se tornasse: "Um intelectual não vai a praia. Intelectual bebe". Ele passa a freqüentar um café desses caros pois tem uma reputação a exercitar (e pensa em destinar o dinheiro da academia para esse fim). E como Paulo Francis compartilhava do Manhattan Connection com outros intelectuais, e morava em Nova Iorque; ele tem o Puteiro, e mora em um Genebra cenográfica, de onde não quer sair.

Tem início a fase bon-vivant.

segunda-feira, janeiro 01, 2007

Ela era tão linda e...

e...

... e cheirava a pêssego.