quarta-feira, janeiro 31, 2007

Sobre a distância que um olhar não vê

Então eu decidi que seria naquele momento. E eu fui em sua direção e disse oi, nada mais peguei a sua mão e vi o espanto o sorriso o espanto sair dos seus dentes tão brancos a calçada os olhos os olhos que passam e já não vêem mais nada.

A calçada voando, quantos grãos de areia nós passamos até a sua casa não sei. Sei que seus dentes ainda tinham espanto e sua língua estava manchada de saliva grossa de espanto e seus olhos e seus músculos trêmulos e quente-frio de espanto grosso e seu hálito grosso e sua voz grossa e falha de espanto, trêmulo.

Nada mais, corpos, espanto, surpresa a cada toque de espanto e medo e descoberta. Quantas pintas negras tinham aquelas costas eu não sei não pude nem contar os pêlos brancos da sua barba loira nada mais porque o nosso silêncio nos apressava não sei por quê.

As nossas pernas, os nossos olhos e braços entrecruzados. Que era mais fácil cortá-los do que desembrenhar todos esses fios soltos que o tesão desarruma no meio da cama até o amanhecer queimar os nós com a brisa quente do sol.

E o dizer adeus.

9 comentários:

Blog Administrator disse...

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Anônimo disse...

mais uma metalinguagem genebriana?
"e o dizer adeus".
não sei, talvez eu tenha ficado paranóica.

:)

mas, que ficou bom, ficou.

:*

Juliana Marchioretto disse...

Adeus é muito forte.
Fala só tchau.

beijo

Alfaia disse...

texto frenético.
pois os quatro paragráfos passam mais rápidos e intensos que a frase derradeira.
porque dizer adeus, sentir adeus, é demora.
e lento.

texto com muito estilo; ainda não tinha visto igual; ausência das vírgulas, rapidez...

enfim, lindo texto; e bom saber que nesse blogue tem alguém que sabe lidar com um eu-lírico feminino de forma tão delicada.

Alfaia disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Borba disse...

flúido como música.

Alexandre Lucio Fernandes disse...

isso sim é triste...
como uma revoada de pássaros se distanciando ao horizonte.

diz apenas, até breve.

:)

Unknown disse...

Ah, Cacau. Foste derradeiro.

Anônimo disse...

Gostei da sonoridade.
Gostei de tudo!
:)