segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Final - Seria ele o... ?


- Um mega piolho! – Alguém gritou na metade esquerda inferior da sala.
- Um rascunho de Deus do eclipse lunar?
E enquanto o sorriso do Professor Antônio aumentava (o que parecia impossível) e atingia proporções de iluminação gigantescas (o que parecia um sol), ele ia anotando tudo e qualquer coisa que alguém falava na sala de aula com um giz azul (ou o que parecia ser um giz azul) no canto do quadro (que era realmente um quadro).
Alguém disse – Um ponto! É apenas um ponto! – No que ele respondeu, escrevendo a nova opinião no quadro:
- Sempre tem um estraga prazeres...
Riso geral.
- Usem sua imaginação, não se limitem. Limitar é uma palavra muito ilimitada. Ela representa tudo de ruim que pode acontecer ao nosso cérebro. Tudo.
E uma enxurrada de respostas bonitas, estranhas, engraçadas e loucas varreu a sala.
O interessante foi que ninguém sabia de qual matéria aquela bendita alma era professor. Por que era isso que todos sentiam: uma alma ali na frente. Um simples gesto que o diferenciou dos demais professores, que pareciam velhas uvas-passa, obrigadas a estarem atrás da mesa, dando aula para um bando de pirralhos acéfalos.
Eu tinha até perdido o sono, em algum canto da sala ele se jogou, e lá ficou.
A mosqueta agora batia frenéticamente no vidro, mas dessa vez ninguém ouviu. Todo mundo falava ao mesmo tempo, tentando dar uma resposta mais engraçada que a anterior.
E o Professor Antônio parecia se divertir com tudo isso.
Sua lição estava dada.
_____

Na minha mente se formou a idéia de que aquele seria um ótimo professor.
Desses que nos faz rir. Que noz faz adorar uma matéria antes odiada.
Desses que todos relembram até em festas. Que cria afeto e carinho.
Desses que recebe homenagens em formaturas.
Desses que te ajuda a resolver qualquer problema, sendo ele de matemática, de história, ou da sua vida.
_____

Na mente do Dr. Arnaldo – o diretor da escola, que parecia nervoso, bem nervoso e agitado andando de um lado pro outro (qualquer um perceberia isso olhando pra testa dele, que pingava suor - e pela sua têmpora, que parecia querer explodir ao mundo exterior a qualquer momento), se formou a seguinte questão:
- Onde será que se meteu o Seu Antônio, meu-Deus-do-céu-Santa-maria-José, que em começo de ano letivo ele sabe que é uma bagunça pela escola e ele some desse jeito? Cadê esse zelador?!

...fim.



Borba

8 comentários:

- disse...

Tudo isso pode ser uma tremenda duma lição. Alguém que aparentemente não tem ensino superior, nem pós-graduação, não tem mestrado ou doutorado. Mas foi capaz de chamar atenção de todos.

E mesmo que isso seja fruto de imaginação, é possível que aconteça.

Alfaia

Anônimo disse...

AAAAin, desculpa.. sniff, deu aperto no coração, sabe, uma vontade de sei lá o quê...

Ficou lindo... Muito. Demais.

Anônimo disse...

que lição hein... muito bom mesmo.
Realmente o cara que faria darmos boas risadas, então aprendíamos muito bem...
Boa narração.

A quem fica um bom dia


ALF

Anônimo disse...

ah, sim, quem quiser visitar meu blog, estamos aí...

ou seria estou aí??? ah, sei lá.

ps2: ótimo texto, de novo (só pra não ter que comentar coisa que nao tem nada a ver e enrolar.)


ALF

Anônimo disse...

Hm x)

Uma sensação esquisita!
Mas piração teu texto!
:*

Anônimo disse...

Bela história, perdi o segundo post
e minha memória de elefante falhou,
por isso tive de ler tudo outra vez.
Já senti algo parecido com algumas pessoas,
não eram Professores, mas tinham sorrisos que
marcavam o meu dia, igualzinho a esse aí.
Vlw
[]s
se cuidem!

- disse...

Poxa, gostei do final.

Lembra meus dois últimos professores de história... Surtados, por obséquio.

Filipux

Anônimo disse...

ADORO..
Já te contei a historia do meu ponto...
Se eu encontrá-lo mando pra você...