quarta-feira, março 22, 2006

O fim é só o começo ao contrário

















    Talvez, um dia, alguém explique estas coisas. Por que a gente sente raiva quando o amor termina, qualquer um sabe. Talvez, repito, um dia alguém explique porque a gente não consegue esquecer as pessoas.
    Como poeta ruim, às vezes eu choro em versos, para não borrar a maquilagem. Quando as espinhas, de nervoso, aparecem em mim, eu sonho com um mundo em que a catarse do sentir seria pelas palavras, ou, sendo mais abrangente, pela arte. A incerteza não mais me faria roer as unhas, a barriga tremer ou morder os lábios. Apenas um indolor parágrafo.
    Já tentei; sem sucesso, porém. Eu brigo com as palavras e choro junto nas músicas. A tua imagem não se dissolve em lágrimas, não se dissolve em versos, não se dissolve em nada. Agora eu lembro daquela regra na química, que diz que semelhante dilui semelhante, mas o próximo amor nunca está à porta quando a gente precisa, não é?
    Ontem doeu bastante. Doeu repetidas vezes, quando o computador perguntava, em todos os lugares que tu já havia estado, se eu queria mesmo te esquecer. Eu respondia que sim, repetidas vezes, porque sabia que te iria procurar por outros meios.

A vida me perguntava. Em todos os lugares. E eu dizia que sim. Que sim. Que sim. Que sim...

    Aquele derradeiro verso. O verso último que ousa o esquecimento: adeus. Não, ele não funciona.

Nada funciona.

13 comentários:

Borba disse...

:~

Lindo texto Thiago, lindo e real. E nada dói mais do que isso, o fato da gente não conseguir esquecer as pessoas.
As vezes a gente quer, a gente briga, mas não consegue.
Muitas vezes a gente se engana também, e finge que quer. Aí é pior...

Bom seria se a gente não precisasse esquecê-las.

Alexandre Lucio Fernandes disse...

Relutantemente tento esquecer várias coisas, e principalmente uma pessoa em especial (vide minha série de 4 capítulos no meu blog e saberá de quem digo).
E faço as palavras do Borba minhas também (com a devida permissão).

Esquecer... algo dificil de esquecer.


ALF

Thams disse...

"eu sonho com um mundo em que a catarse do sentir seria pelas palavras, ou, sendo mais abrangente, pela arte"

Eu também sonho com isso!

Beijos

Alfaia disse...

Todos sonham com isso. Ou quase todos.

E eu sonho escrever assim, um dia.

Por enquanto sonho.

E só...

Anônimo disse...

É , eu acho que é como ouvi num sei quem falar uma vez: é facil escrever contra o sistema, xingando a escola, etc.Quero ver escrever de amor(algo bom sobre amor).....e achei bem bom e bem real esse texto.....

- disse...

Eu tenho ninguém para esquecer, só.

Filipux (o mal-amado)

Anônimo disse...

O teu texto foi rápido.
Acabou querendo mais.

Talvez haja uma relação com o amor, nessa (des)métrica.

Teu testuo me deixou piegas.
Lembrei dos meus treze (tão atuais).

Senkiu!

Anônimo disse...

Mateus, bem o disseste: bom seria se não precisássemos esquecer as pessoas.

"amor e dor"

foda.

Anônimo disse...

" Aquele derradeiro verso. O verso último que ousa o esquecimento: adeus. Não, ele não funciona." - Conseguiste traduzir rapidamente, tudo o que sinto, com simplicidade nos dizeres e complexidade de emoções.
Vlw,
[]'s
se cuida

Alfaia disse...

Bendito seja o carnaval!

:)

carolí disse...

esquecer agente não esquece mesmo.
agente se acostuma com a ausência, é o máximo que se pode fazer.
esquecimento é quase lenda.

Anônimo disse...

A dor?

É uma quimera temperamental, surge e vai embora, bastantes vezes, sem explicações. Sua essência amarga, todavia, provoca saborosa ânsia. Através dela, reconhecemos e aprimoramos nossos limites. O comum é o limite acabar, de fato, onde está - sem esticar-se. Adoro distanásia de fronteiras! Onde prolonga-se, ainda que por meios artificiais que forjamos, nossa capacidade. Não precisamos ser energia pura para acreditar que, sempre à frente, há algo ainda melhor. Evolução natural. Não queimemos pensamentos sem necessidade. ^^

"As pessoas são, em geral, tão felizes quanto decidem ser." Abraão Lincoln

A dor vai embora quando deixamos ela partir...

Anônimo disse...

bom comeco