terça-feira, abril 08, 2008

O Perfumista

A alma dos seres é seu aroma.

Pelas mais variadas formas, a maioria das pessoas procura atrair para si a atenção dos estranhos em sua volta. E certo dia eu conheci alguém que não fugia a esta regra.

Talvez por supor não ter sido agraciado por uma beleza natural (lê-se, era muito feio), perfumava-se para que reparassem mais nele, para que o vissem e se interessassem.

Neste intento, ele gastou uns poucos anos e muitos litros de perfumes. Pois cresceu rápido e o tempo lhe prestou o grande favor de lhe conceder, digamos, certos atrativos.

Acontece então que ele cresceu, embonitou e não perdeu a mania de perfumes. De fato, isso surtiu bons efeitos e ele passou, então, a gastar seu tempo na idéia fixa de trocar de perfumes para conseguir mulheres e mais.

Mas depois de algum tempo a empreitada deve ter perdido sua essência, pois ele me contou que fazia muito não pegava ninguém e que não entendia onde é que estava o erro.

Pois ele não sabia que não se confundem alhos com bugalhos, olhos e olfato. E como aquele Boaventura que tinha cara de tudo e não tinha cara de nada, o menino, que era já um homem, passou a ter cheiro de tudo e a não ter cheiro de nada.

Renata Marques

6 comentários:

Borba disse...

Resolvi postar esse ótimo texto da Renata (namorada / cliente preferencial do Alfaia), sem a permissão da mesma (e que isto fique bem claro) me enviado por e-mail ao dia 18 de janeiro de 2008, depois de extensivas discussões sobre 'O Perfume', livro e filme.

Anônimo disse...

tá, você surpreendeu muito agora!

tô aqui meio sem graça...

mas achei teu comentário uma coisa fofa, obrigada!

;D


beijos, amigo borba!

Alfaia disse...

Este texto me pareceu agora mais genial que da primeira vez.

E pra quem lembra do detalhe principal que envolve o nosso amigo Jean-Baptiste, esse último parágrafo soa brilhantemente irônico.

:D

Anônimo disse...

Eu amo perfume, não saio de casa sem.
Mas eu nem sou feia assim, tá? Rs

Beijos.

Larissa Santiago disse...

genial!
;)

Nên disse...

Nooooooooossaaa!!!!! O texto de Renata enchinelou vocês, Borba e Alfaia. Eis uma versão brasileira e um tanto quanto superficial de O perfume...fala-se tanto de "essências" que perde-se a mesma.
Parabéns Renata x)