quinta-feira, setembro 28, 2006

E o Verde do Gabeira? (Mato Grosso e Amapá)

Partido do pressuposto: O Mato Grosso é o estado que mais desmata a sua Floresta Amazônica, o Amapá é o estado que menos desmata a sua Floresta Amazônica. E os Verdes nessa história?
Controvertido é o melhor adjetivo para categorizar o sistema político brasileiro. Já no início da independência era praticado o parlamentarismo às avessas que era nada mais nada menos que o sistema parlamentar ao contrário: ao invés de haver a escolha do primeiro-ministro pelo parlamento, era o Imperador quem escolhia seu primeiro-ministro, e este escolhia o resto do Conselho (parlamento).

No período eleitoral atual a controvérsia se tange à coligações. Partidos que levantam certas bandeiras estão ao lado de seus antagônicos. Um exemplo disso é a participação na coligação do governador de Mato Grosso Blairo Maggi — conhecido internamente como Barão da Soja ou Estuprador da Floresta — do Partido Verde, partido considerado defensor das fontes alternativas de energia, alternativas ao desmatamento. No caso do PV, é todo um sistema que está em jogo, pois é na região de Mato Grosso que está concentrada a maior desmatação da Floresta Amazônica, e tudo com respaldo do governador que está a um passo de sua reeleição em primeiro turno.
Em relação aos grandes coronéis do nordeste, o PV mantém posição interessantemente controversa. Na Bahia, não está com o PFL de Antônio Carlos Magalhães e Paulo Souto (o partido já está há 16 anos no poder), mas sim ao lado da oposição daquele estado, no caso: com o ex-ministro Jaques Wagner, do PT. Muito bom, mas no Maranhão defende a candidata e — já quase eleita — Roseana Sarney, do mesmo PFL (sim, aquela que queria ser presidente mas foi vista com corrupção, deu uma sumida, virou senadora, e agora novamente governadora do Maranhão). Nesse caso o irmão de Roseana, o deputado Sarney Filho é o principal nome do Partido Verde no estado. Por isso são grandes as chances do coronel José Sarney manter a continuidade do poder no governo maranhense. E com respaldo dos Verdes.


Falando em Sarney, são grandes as chances de ele ter a sua reeleição para o Senado ameaçada por uma novata no Amapá. Sim, Sarney é "amapaense", de acordo com a justiça eleitoral. Ele aproveitou a criação do estado do Amapá (onde sua taxa de rejeição era pequena) e se candidatou a uma das três vagas ao Senado em 1989 (lá ele não tinha candidatos à altura), um prato cheio para sua oposicionista, Cristiana Almeida (foto acima) que trabalhava no INCRA e denunciou a grilagem de terra feita pelos amigos de Sarney (entre eles o candidato a reeleição Waldez Góes que tem a candidatura ameaçada por conta de uma suposta compra de votos).

O fato é que Cristina fez com que o orgulhoso senador partisse para o vale-tudo, suando a camisa, passando a fazer campanha no estado (algo que nem cogitou fazer na sua primeira reeleição em 1998). Dançou meio que com cara de gringo uma dança típica da região, o marabaixo. Cristina alega que o Amapá só tem dois senadores, e o Maranhão quatro, isso aumento a rejeição ao ex-presidente. "Seria a hora de retomar essa vaga para os amapaenses" diz ela.

Saindo dos holofotes, as irmãs Alcilene e Alcinéa Cavalcante são as mais ferrenhas defensoras da campanha anti-Sarney entitulada "Xô Sarney!". Ambas utilizam seus blogs para divulgar a campanha que chegou ao Maranhão e foi trocada para "Xô Rosgana!" (alusão a filha e candidato ao governo Roseana Sarney). Sarney não ficou atrás e processou a primeira por ter criado a charge da campanha. Por conta disso, A Justiça Eleitoral acabou por extinguir o blog. Mas Alcinéia continua, já recebeu alguns pedidos de resposta do senador, e terá de pagar multas por ter "supostamente" atingido a moral do ex-presidente, que sorridente responde: "Não tenho relação com meu departamento jurídico".

E o PV? De que lado está? Pois bem, ao invés de ficar ao lado da ex-superintendente Cristina Almeira do INCRA, que revelou a grilagem no estado, o PV apóia a reeleição dos que teriam iniciado a falcatrua, os partidários de Sarney. Uma grande controvérsia!

terça-feira, setembro 05, 2006

Envelheço na Cidade

Aquelas crianças capetas ganhavam o dia tocando as campainhas voltando da escola.
Eis que o velho barbudo fez tocaia na terceira vez. Saiu de trás do arbusto e correu atrás das pestes. Cruzou a rua, entrou no gramadão da praça. Precipitou-se e entrou na frente dos muleques e mulecas. Para igualar-se ao tamanho deles abaixou-se, olhando para a boca do mais sapeca:
-Cospe teu chiclete em minha mão.
Efeito poderoso das palavras que fizeram o garoto cuspir sem pensar. Nenhum ruído disseram ao velho. Só ele falava.
-Quando forem tocar da próxima vez, juntem os chicletes e grudem na campainha. Vai ser uma travessura de respeito.
As crianças correram. Envelheceram. Depois desejaram ter ouvido mais naquele dia. Mas o barbudo disse pouco, que foi tudo.
O velho virou-se e voltou para sua paz. Sabia de seus nobres conselhos. Tinha bons sapatos e bom coração.

domingo, setembro 03, 2006

O semi-simbolismo com a categoria cromática e a figuritivização do espaço

"Se o semi-simbolismo entre a categoria topológica central vs. marginal metaforiza o tempo cíclico, figurativizado na tela, a relação entre a categoria cromática cor fria vs. cor quente metaforiza a figurativização do espaço."
(...)

Tenho faltado ao blogue, me pego sem tempo e sem espaço.
Estudando semiótica, um trecho pra vocês entenderem do que se trata.
E não me perguntem o significado de figurativização. Eu procurei no Oráculo, e essa palavra existe mesmo.