terça-feira, dezembro 16, 2008

Whisky para um condenado

Era um dia quente.
Muito quente.
O cigano entrou pelo saloom com passadas lentas.
Todos olharam. Menos eu.
O cigano tropeçou e caiu. Levantou-se. Passadas lentas até o balcão. Todos olhavam com indiferença a barriga aberta do cigano com suas tripas perfuradas pra fora. Menos eu.
Ele as limpava, as tripas, depois da queda.
No balcão, murmurou um whisky para Solano, o barman. Este o serviu. E perguntou com certa parcimônia:
- Que te aconteceu, cigano?
O cigano olhou para Solano com os olhos vermelhos:
- Me mataram, amigo, me mataram... - Virou o copo da bebida de um só gole e ainda acrescentou: - Mas o pior é isto - e olhou para as próprias tripas, que agora vazavam toda a bebida há pouco ingerida.
Todos fizeram cara de comovidos. Menos eu.
Tenho de ser profissional nestas horas.
- Caralho - gritou o cigano.
E caiu.
E morreu.

4 comentários:

Borba disse...

HAHAHA, caralho!

Esse texto me cheirou a Matanza, maldito hippie sujo.

PS.: Tá tirando o atraso do blog é, sacana?

Anônimo disse...

imaginei também um visual com esporas:
o bom, o mau e o feio.
^^

Larissa Santiago disse...

preciso dos seus serviços!

Larissa Santiago disse...

Boas festas pr'as prostitutas!
;)