segunda-feira, dezembro 31, 2007

Do Natal

25 de dezembro, meia-noite pra lá das madrugadas, toca o celular:

- Alô?
- Meu amôôôôr!

Voz de mulher, embriagada. Desconcertei.

- Erh... quem é?
- Natanael? Sou eu, seu porra!
- Hum, desculpa, mas eu acho que você ligou errado.
- Natanael?
- Não, não.
- Ô meu Deus. Me desculpe viu meu querido, acho que foi engano.
- É, tudo bem. Pensei um pouco, e emendei esboçando um sorriso: Feliz Natal pra você, de qualquer forma.
- Ah querido, obrigada. Feliz Natal pra você também, meu amôôôôr, - respondeu ela, efusiva – e fala pro porra do Natanael me ligar amanhã de tarde, ta bom?

E desligou.

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Pequeno texto em 5 partes sobre 6 garotas que me fascinam

Parte 4

A quarta é de um tipo que não poderia faltar: a alternativa.
Dentre todas as seis garotas, talvez seja ela quem eu realmente ache mais linda. Ou talvez seja a sexta garota. De toda forma, ela é linda, e não há como negar.
Faz muito tempo que eu a vi pela primeira vez. Tanto tempo que nem mesmo lembro quando foi. Mas com certeza foi ela quem me chamou mais atenção, logo num primeiro olhar: pele alva, cabelos tão pretos que faziam um contraste tão forte com a pele do rosto - de bochechas tão rosadas – estatura mediana, corpo firme, mas macio, sinuoso, óculos de aros fortes e vermelhos, camiseta branca e uma bolsa da adidas.
E tatuagens.
Tatuagens por boa parte do seu corpo que estava visível. Um sol japonês e mais detalhes colorindo um braço, uma carpa em outro, duas nas costas, na altura dos ombros e acima da bunda, outra escapando pela calça, apontando para o seio esquerdo. Diferente beleza de uma pessoa com marcas tão fortes por um corpo tão sensível que parecia pertencer a alguém tão delicada. Talvez até houvesse mais.
Eu sempre gostei de tatuagens, mas, quando muitas, as achava exageradas. Essa idéia sempre foi generalizada, até ver essa moça: as artes formavam um conjunto magnífico no seu corpo, como se cada uma se completasse com a outra, e todas completassem sua beleza, em desenhos se movimentando pela sua derme branca.
Ela mora aqui pelo bairro, já a vi comprando pastel na praça. Usava uma bermuda e pude assim perceber outro desenho na batata da perna. Perdi contato quando ela sumiu do meu ponto. Esqueci dela, e lembrei novamente quando, sentado ao lado da janela, percebi que ela esta pegando ônibus um ponto após o meu.
Dia desses, pensando justamente e fixamente lembrando dela, me surpreendi quando a vi entrando no ônibus. Não sei o que ela viu em mim, mas ficou me olhando. Talvez tenha me encarado, porquanto eu não desgrudava os olhos dos dela. Ela sentou, olhou pra trás, e eu continuava olhando-a.
Foi então que ela levantou, e ainda com os olhos fixos, veio andando em minha direção. Eu estava ao fundo do ônibus com mais duas pessoas, que nesse momento devem ter ouvido as retumbadas do meu coração. Eu gelei, mas em momento algum desviei os olhos dos dela. Ela parou, sentou dois bancos à minha frente, e lá ficou.
E eu fiquei o resto da viagem e do dia pensando. E até hoje eu gosto de imaginar que outras coisas poderiam ter acontecido se ela sentasse do meu lado.