terça-feira, janeiro 24, 2006

Vendido!


Porto Velho, seis horas e trinta minutos da tarde de terça feira, vinte e três de Janeiro de dois mil e quatro.
Lá estava eu (não por grata coincidência), violão no colo, música alta, sentado em um banquinho de forro xadrez, na varanda da minha casa. Do meu lado, se esbaldando feito criança em uma cadeira de balanço de fios de madeira trançados, estava um dos “colaboradores” deste blog, Alfaia (não por grata coincidência).
(Até terminar toda esta chata e pedante apresentação já batem seis horas e trinta e três minutos).
Barulho de palmas a alguns metros.
Nada.
Mais palmas.
Mais nada.
Aparece então uma senhora com aparência de nostalgia (hum, gostei dela) com uma bicicleta enferrujada e sua filha do lado, que logo encosta-se no portão e fica a me olhar com um misto de surpresa e admiração.
Será que eu tinha meleca no meu queixo?
Ou será que ela era uma precoce-música-profissional, e estava pensando “Pff, o que ele pensa que está fazendo com esse violão no colo!?”
N.D.A.
- Ei menino!
- Pois não senhora?
- Você sabe se aquela casa ali do lado... hum, tem gente morando nela? E no rosto dela se abriu uma expressão de esperança.
- Sei não moça...
(Fecha a espressão. Abre uma do tipo “menino BURRO!”).
E ela explica (como se precisasse) – É que eu e o meu marido estamos procurando um lugar pra alugar. Já andamos vendo uns apartamentos ali, mas ainda falta muito pra ficarem prontos. Como a escola da menina é aqui perto, queremos um lugar por aqui...
­- Ah, a senhora é uma moça que passou aqui ontem e me perguntou...
- Sim... eu mesma!
- ...com um rapaz, num carro branco...
- Não. Então não era eu.
(Era ela! Provavelmente com seu amante!)
Acontece que no dia anterior um casal já havia me perguntado pela casa ao lado.
- Pois é senhora. O problema é que eu estou de aqui de férias, não estou muito por dentro do que está acontecendo no bairro.
(Como assim? Que bairro monótono é esse, que uma casa pra alugar merece tanta atenção?) Neste momento imaginei duas velhas fofoqueiras:
- Ei fulana, adivinha o que aconteceu?
- Não sei ciclana, o que? Me conta logo!
- Sabe os Beltranos, ali da rua do meio? Pois é, botaram a casa deles pra alugar!
- Meu Santo! Já? Mas eles pareciam tão felizes...
- Pois é né, pra tu ver menina, como as coisas são...

Voltando à realidade:
-Ah menino, obrigada então.
E eu, num último suspiro de caridade, ainda tentei:
- Se a senhora quiser deixar um telefone pra contato, eu posso ficar de olho por aí.
Não sei se ela entendeu isso como uma cantada (mas como? Ela não sabe que eu gosto de velhas nostálgicas?) ou se ela não tinha telefone mesmo, mas ela me disse entre assustada e envergonhada:
- Não, não, depois eu volto aqui com meu marido.
(Ou ela percebeu que eu sabia do amante, e sentiu o perigo por perto...)

Quinze minutos depois um homem pára com sua moto em frente ao portão, e de lá mesmo me pergunta:
- Ei garoto, você sabe se essa casa aqui (e aponta para uma outra casa, do outro lado) está para alugar?
Eu digo que não sei, e segue o mesmo sambinha “pa pa pa” pra explicar que estou aqui de férias e não sei de nada.
- Essa senhora aqui é a proprietária da casa?
Era a minha mãe que ia chegando e estacionando o carro na casa da vizinha, que viajou, e pediu pra minha mãe deixar o carro lá, para prováveis assaltantes acharem que tem gente na casa e não a roubarem. Claro, caso haja assalto, vai ser o carro da minha mãe mesmo...).
Como ia demorar muito pra explicar isso, eu simplesmente disse:
- Não. Essa é minha mãe, que estaciona aí na casa da vizinha por que a vaga é maior e ela é péssima motorista. Mas se você quiser perguntar algo a ela, talvez ela saiba responder melhor que eu.
Acho que o cara sentiu um pouco de ironia na minha voz (que nunca existiu, aliás) por que ele deu meia volta e foi embora sem falar nada. Deve ter pensado “garoto IGNORANTE!”. Depois eu pensei que a resposta pareceu um pouco irônica mesmo. Mas tudo bem, ele não ia ser um bom vizinho.

Fui dormir encucado.
Acordei suado, de um pesadelo terrível e sombrio martelado na minha mente.
No pesadelo eu era um publicitário bem sucedido, que de repente largava tudo pra ir seguir outra carreira: a de agente imobiliário.

Sem nenhuma ofensa aos agentes imobiliários. Mas eu - provavelmente - não seria um dos bons.

Borba

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Filipux (persona non grata)


Há uma certa aversão contra a minha pessoa desde que me entendo por gente ou até antes disso. Antes mesmo de falar algo eu já era mal-visto. Conta minha mãe que sua filha (minha irmã) planejava maneiras de me matar. Um exemplo disso foi quando eu, ainda bebê, fui puxado por ela até a beirada da cama. Estaria no chão se não fosse minha mãe saída do banheiro tê-la impedido.

E as coisas só tenderam a piorar -- principalmente com a minha entrada para o mundo virtual -- naquela época era totalmente fora do comum escrever corretamente por aqui. Ganhei de cara um inimigo que alegava que eu estava sendo idiota ao fazê-lo, o José Vicente dos Santos Neto, vulgo: Netow. Usando inglês-boliviano, alegações ridículos e banais ele tentou mudar-me em vão (algo como: "todus iscrevem axim!!!!"). Ele se recusava a entrar no orkut, já que era fútil e blablablá (se bem que ele entrou mais tarde).

Tirando o Netow, assim que entrei no orkut, uma comunidade inteira ficou contra mim. Eu estava defendendo honrosamente o local onde nasci e eles, coitados, ficaram perdidos, porque eu soube defendê-la bem e apontava para o seus erros na escrita, que convenhamos era dantesca, como sinal de que não haviam tido uma boa educação e por isso tinha noções de uma criança burra de quatro anos. Desde que saí de lá (tinha medo que fosse contagioso) aparece alguns membros da comunidade me atazanando, sendo que eu já desisti deles e só apareço de vez em quando para agradá-los, aliás, entretê-los (uma criança necessitaria disso, ã?).

Agora, o Cavalo comanda uma espécie de cruzada contra mim, ele vem com calma, agradando as duas outras Putas (cavalos tendem a ter um grande pênis, seria isso?), faz muito estrago, se bem que eu acho que ele ainda não leu o meu perfil, quanto ao episódio em que ele foi incoveniente (uma verdadeira senhora gorda de meia idade -- aquela que pela falta de vida própria ou por ociosidade mesmo enche o saco da vizinhança -- uma verdadeira Dona Antônia) , onde consta um parágrafo inteiro dedicado a meu pedantismo, mas ele se nega a entrar no orkut (Netow again?).

terça-feira, janeiro 03, 2006

O primeiro sexo do ano me dá algum mérito?

A imagem não tem relação nenhuma, eu só achei ela legal.

Ah, o primeiro texto do ano.

Engraçado como todas as outras Putas (não estranhem, é uma forma carinhosa pela qual nos chamamos) sumiram.
Uma hora isso tinha que acontecer, alguém tinha que vim aqui tirar o mofo das calcinhas.
Talvez seja o medo de produzir um texto clichê. Afinal, como escrever um texto de ano novo sem cair no clichê de falar de expectativas, de mudanças e promessas de queimar as gordorinhas adquiridas nas festas de fim ano (no nosso caso, novos clientes, mais pagamentos, preservativos mais baratos...)?
Sem falar que a bruxa da crítica anda solta por aí, a galope, montada em um Cavalo rebelde (não entenda como desafio).

Eu?

Eu não prometo nada, não espero nada. Nem engordei (nunca acreditem no que eu digo, sou uma Puta insana).
Cá estou de férias, ilhado de sentimentos e saudades, como um porco jogado na lama.
Vejam como gosto de dramatizar.
A música que toca no som agora é ótima. Me acalma e me deixa em êxtase, e isso me dá um pouco mais de energia para pensar em alguma coisa e não sair feito um louco que nunca viu um botão, apertando a tecla delete até chegar na única parte que faz sentido desse texto: "A, o primeiro texto do ano."
O resto é resto.
Estarei eu mudando?
Eu não ganhei nenhum presente de Natal.

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Ah, meu pai anda mais pomposo. Talvez seja o Ano Novo. Nas nossas aulas de direção, ele chama "quebra-mola" de "redutor de velocidade automotiva".
Estou pensando em mudar o nome do blog. Talvez "Genebra e a tríade de garotas de programa". Soaria mais pomposo?

Soaria mais chato, com certeza.

Hoje eu aprendi o significado de "parcimônia".
Ah, e feliz 2006, que eu já ia me esquecendo...

(Eu sempre esqueço de assinar os meus textos. Talvez seja uma maneira incosciente de me dizer: "Amigo, teus textos são ruins mesmo!")


Borba